Cap. 29

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Passou-se uns dias, Kurt entendeu que eu não podia entrar no refeitório ou sofreria muito as consequências. A história que Katy me contou nem me importava tanto, eu até me sentia bem em saber que ele faria qualquer coisa por mim. Me empenhei, quer dizer, nos empenhamos bastante no trabalho, Kurt estava ancioso e eu já me sentia até expert. Ela parecia mais tolerante a mim. Deitei pensando em tudo, estava tudo na minha cabeça, o slide top no pen drive na minha mochila e as anotações no caderno. O trabalho seria perfeito. Eu sentia até orgulho de mim. Meu corpo cansado agarrou no sono, só lembrei de acordar no dia seguinte.

Tratei de procurar logo o pen drive, assim que passei da porta principal. Ele não estava lá, nem meu caderno. Olhei para as mãos de Martín na sua turma...
- Martín, esse pen drive é meu!! - Eu disse, bastante corajoso.
- O quê?! Tá querendo outra surra, esquisitão?! - Me encurralaram de novo.
- Por favor, Kurt precisa dessa nota...
- Nós também precisamos, viadinho, quer continuar vivendo ou simplesmente passar de ano? - Teddy disse balançando o pen drive.
- Por favor... - Eu pedi com muita pena no olhar, chorando, implorando de joelhos, ganhei um tapa e observei eles partirem rindo.
- Ah, seu idiota, acho melhor não contar pra ninguém. - Martín saiu debochado.
- Hey, Bert, já vão começar as apresentações, cadê nosso slide? - Apontei pra mão de Martín. - O quê?!
- Ele roubou nosso trabalho, Kurt.
- Miserável, ordinário, filho de uma! - Disse batendo no armário, eu começei a chorar feito uma cachoeira, saí correndo, não suportaria nada disso...

Kurt segurou minha mão ao entrarmos na sala, vendo o slide perfeito, que demorou muito pra ser feito, ser estragado por outra pessoa. Eles tiraram 7,0 pontos, as minhas custas, deram um Hi-five. Só eu sabia o ódio que se passava na minha cabeça com aquelas pessoas, ouvi o rosnar de Kurt, e acabei fazendo o mesmo.
- Bert McCracken, Kurt Cobain, cadê o trabalho de vocês?
- Não temos trabalho, sr. Não conseguimos pensar em nada... - Ele disse olhando o trio específicamente.
- Impossível, dei mais de um mês para fazerem isso.
- Gostaríamos de outra chance, de mais um tempo, professor. - Pedi medroso, eles riram.
- Não, se não todos vão querer outra chance. Nota zero pros dois. Kurt, está oficialmente de recuperação. Próximo!!
- Kurt apertou a mão em punho, se encaravam com muita fúria, ele resolveu me deixar lá na sala sozinho.

- Eu estou de recuperação, aqueles malditos me deixaram de recuperação. Quero afundá-los em sulfúrico, arrancar seus órgãos, custurar cada buraco possível. - Ele disse rodando na praça.
- É ruim pra mim também. - Eu disse tentando ser compreensível.
- Não quero perder minha vida toda naquela escola de merda. Eu não quero reprovar... Tudo por culpa daqueles vermes!! - Nós temos que acabar com eles, Bert.
- Acabar... - Eu disse confuso.
- Não aguento mais, vamos matá-los antes que te matem. - Eu ri de canto, ele se ajoelhou na minha frente.
- Está falando sério? - Eu disse confuso, não me respondeu, terminou de amarrar meu cadarço e se afastou. E então me deixou com aquelas palavras à solta.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora