A tarde foi se arrastando, eu me divertia muito ao lado dele, sempre estava me fazendo rir ou me impressionando.
- Você não tem interesse em nenhum animal? - Ele disse lambendo um picolé azul.
- Prefiro os que não podem me matar. - Eu disse irônico, ele riu.
- Mas qualquer coisa pode te matar, Bert. - Ele piscou. - Até este simples palito de picolé.
- Como? - Eu fiz um ruído de ironia.
- Se eu enfiar ele na sua guela, você vai sufocar. - Ele apontou meu pescoço, eu tremi um pouco medroso.
- Mas acho que você não faria isso. - Olhei diretamente em seus olhos, ele suspirou se afastando.
- É né... Eu não suportaria conviver com a culpa. - Disse sincero, minhas bochechas rosaram. Era estranho e confortante ouví-lo dizer que não me mataria. Ri agraciado.
- Olha, Kurt! Um carrossel! - Apontei, era brilhante e cheio de cavalinhos cor de bege. Corremos pra lá imediatamente. Me montei em um e Kurt se empendurou na barra.
- Segura aí, mosqueteiro!! - Começou a rodar, o cabelo dele voava com o vento, seu sorriso era o mais perfeito de todos, e o meu era tão largo quanto o dele. Nunca me senti tão livre quanto aquele momento, meu cabelo assanhou por completo, parecíamos duas crianças bobas. Kurt me olhava... Do mesmo jeito que minha mãe me olhava, aquele olhar que te conforta, que te faz sentir alguém especial.Depois do carrossel, avistamos um estande na qual tinha que atirar em coisas, o loiro me puxou pra lá. Ele parecia bem habilidoso, três tiros, três acertos. Ele me deixou escolher o prêmio, eu peguei um urso enorme de pelúcia.
- Aí, Bert, que tal tentar? - Ele disse, eu não sabia direito, eu acenei com a cabeça um não. Ele tirou do bolso mais notas e então me puxou pelo braço. - É bem fácil, você só precisa mirar pro lugar certo... - Ficou atrás de mim me instrucionando, senti sua respiração no meu cabelo.
- Assim? - Eu disse, ele moveu meu braço mais pro lado, saindo da minha mira. O cara que nos atendeu olhava a tudo rindo admirado. Apertei o gatilho... E não acertei. - Ah droga...
- Não seja tão impulsivo, tenha paciência, Bert. - Ele disse me arrumando na mira outra vez. E eu errei o tiro outra vez.
- Não quero mais brincar, Kurt. - Eu disse um pouco birrento, ele riu, me abraçando, uma mão colou na minha cintura e a outra foi pra onde a minha estava na arma.
- Calma, Bert. - Nos arrumamos na mira e ele impulsionou minha mão a apertar o gatilho. Derrubei a droga da lata.
- ISSO, EU SOU DEMAIS, CHUPA! - Eu comemorei vibrando, Kurt riu fofamente e o cara também.
- Bom, isso te dá o direito de escolher um prêmio simples. - O cara disse, rindo. Eu olhei e olhei e escolhi um chaveiro do Capitão América. Uhull. Kurt roubou de mim, mas ele podia ficar.Conversamos sobre mais coisas aleatórias, sentando num banco. Um carrinho de pipoca doce passou e lá estávamos comendo. Dei uma vista para o zoológico/parque de diversões. Eu nunca tinha me interessado em lugares grandes e movimentados, mas Kurt me deu a melhor tarde de toda a minha vida. Me senti um pirralho de 10 anos. Ele me falou que adorava filme de terror. Me olhava concentrado.
- Ah que ótimo, já assistiu A Casa de Cera? - Eu perguntei, também gostava de filmes com horrores. - É realmente assustador.
- Aff, nem dá medo! - Ele disse irônico.- Que tal Mama?
- Anabelle?
- Exorcistas do Vaticano. - Ele disse.
- É bem legal, mas não dá tanto medo assim. - Eu disse ainda rindo.
- Então, qual é o seu filme favorito?
- Sexta-Feira 13. E o seu?
- Jogos Mortais. - Ele disse bem sincero, eu dei de ombros. Kurt era esquisito, um esquisito adorável. Ouvimos uma menina choramingar muito, ela estava com uma arma de brinquedo na mão, pra ela um péssimo prêmio.
- Cala a boca, guria, pelo amor de Deus!! - Sua mãe gritava lhe puxando.
- Mas eu não quero, mamãe... - Ela devolveu birrando.
- Hey, garotinha, o que houve? Uma menininha tão bomita como você não deve chorar. - Eu disse indo até ela, a mãe ficou me olhando esquisito. Me abaixei até a sua altura.
- Eu não quero essa droga de prêmio. - Ela disse me arrancando um riso.
- Deixa eu ver... - Tomei a arma da mão dela, Kurt riu agraciado. - Mas esse prêmio é muito legal.
- É não, é chato!
- E o que você acha de um urso de pelúcia? - Peguei do colo de Kurt o entregando pra ela. - Vamos fazer o seguinte, você me dá a arma e eu te dou o urso, e você para de chorar.
- Tá bem! - Ela disse contente, com um enorme sorriso. Ela me entregou a arma, o urso era quase do seu tamanho. - Olha meu urso! Olha meu urso!
- Não tem nada pra dizer pro moço, não? - Kurt disse fofo.
- Obrigado!! Obrigado mesmo! - Ela disse me abraçando.
- É, obrigado, esquisitos. Agora vamos, Aninha. - A mãe disse impaciente a puxando.
- Tchau... - A garota disse olhando pra trás, me apoiei no ombro de Kurt girando a arminha, depois rimos de tudo.
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ninguém quer dançar com você
FanfictionBert McCracken era o garoto isolado da turma, odiado e esquecido por todos. Tudo que ele queria era alguém que lhe entendesse, lhe escutasse e lhe fizesse esquecer de todos os seus problemas. Pensava que iria permancer sozinho, até que Kurt Cobain s...