Cap. 11

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- Meu Deus, Bert, o que houve... - Kurt me sufocou em um abraço assim que desperto.
- Kurt!! - Meu olhar foi pro chão, como sempre, um babaca esquisito. Peguei meu casaco e saí da maca. - E-eu preciso ir pra casa.
- Bert... - Ele pegou minha mão me impedindo.
- M-me desculpa, eu não estou bem... - Eu disse, eu não conseguia olhar para Kurt e dizer que não consegui fazer a maldita pesquisa.
- Mas espere... O que houve, o professor falou em "trabalhar juntos" e depois você desmaiou... Você me dá minha parte de falar e pronto, Bert.
- Não é isso... - Gesticulei, ele estava me seguindo.
- Ahh... Tem medo de falar em público? - Ele me empurrou contra a parede, olhei o profundo dos seus olhos.
- D-desculpa, Kurt... A verdade é que eu não fiz o trabalho... Eu não consegui, eu não tive paciência. - Um pouco de água saiu dos meus olhos, Kurt ficou em silêncio.
- Não precisa chorar por causa disso, Bert... - Se afastou.
- Kurt, você contou comigo, eu realmente tentei, mas te decepcionei... - Pus meu olhar no chão mais uma vez, ele caminhou pensativo.
- Tudo bem... Quer saber? Não decepcionou, Bert. Eu adorei.
- Adorou? - Limpei minhas gotas, constrangido.
- Sim, agora vamos poder realmente trabalhar juntos!! - Disse me dando um abraço. - Vou poder passar muito tempo com você. - Ri em seu cabelo, era mesmo uma coisa boa?! Me apertei naquele abraço mais e mais, era extremamente confortável.

- E então, posso te levar pra casa? - Ele perguntou assim que saímos da sala, já tinha acabado as aulas. Kurt tomou minha atenção, ou eu tomei a dele. Não parávamos de conversar um só minuto.
- Melhor não, Kurt. - Lembrei de Martín e todas as pessoas que me odeiam, mas tudo que fiz foi dar um mínimo sorriso.
- Porque não? Eu tenho um carro. - Esse era o maldito problema do Kurt. Ser insistente e perguntador.
- Ahh... N-n-não, minha madrasta odeia visitas.
- Eu só vou te deixar até a porta, eu não vejo nada demais. Está quase pra chover, então não lhe permito escolhas.
- Kurt... - Me arrastou até seu carro contra a minha vontade. Meu interior tremeu de medo, me distraí com meus cristais e suas palavras confusas, por horas o silêncio se instalava e ele desviava o olhar da estrada pra mim. Kurt era tentador.
- Está nervoso? - Ele perguntou, me observando remexer os cristais.
- Um p-pouco. - Eu disse sincero, esconder dele não adiantaria nada. Uma semana foi o suficiente pra Kurt sacar quando estava uma pilha de nervos. Eu sabia que iria dar errado, Kurt e Martín, Fred e Lenna... E Kurt! O carro foi se aproximando devagar da minha casa, aí fiquei a ponto de um desmaio.
- Relaxa, eu tô com você... - Ele disse quase parando.
- K-kurt... E-eu não quero que se machuque. Eu paro aqui e você v-volta. - Eu disse já tomando o fecho da porta.
- Bert, eu sei me defender, não vão me machucar. - Deu um riso meio sinistro, continuei tentando sair do carro, nada era seguro. Abri a porta com ele andando ainda, Kurt me puxou pelo moletom e eu caí dentro do carro, de cara em seu colo. Realmente era tentador... Ele comportou meu cabelo, a marcha e o freio de mão estavam machucando meu abdômen.
- K-kurt... - Chamei. - K-kurt, está doendo. - O carro parou a uns 6m da minha casa. Me levantei rápido, fechando a porta. Kurt apertou o volante com seriedade. - Está tudo bem? - Eu disse lhe tocando, ele até se assustou com meu toque.
- Vá pra casa... - Ele apontou, nem acredito, ele me ouviu!! Dei um sorriso, o abraçei e o beijei na bochecha, ele corou instântaneamente. Peguei minhas coisas e saí do carro, de dentro ele disse tchau e eu vi... listras em seu braço...

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora