Cap. 19

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Me sentia mais próximo a Kurt do que nunca. Era difícil de processar, ele fazia as mesmas coisas que eu, sentia as mesmas dores que eu sentia, ele se machucava também... Aquilo fez eu me sentir o maior idiota de todos, mas ajudar a Kurt de algum jeito me deixava super. Me falava algo sobre suas serpentes no refeitório. Era extremamente fofo o quanto seus olhos brilhavam a respeito, ele parecia gostar mesmo daquelas cobras. Tomei meu milkshake fazendo devidas anotações, eu sentia que o trabalho iria ser perfeitamente genial. Pus meu olhar em Alicia de novo. Ele parou de tagarelar e ficou me encarando do mesmo jeito que eu a encarava.
- Hmn... Olha só, você tá caidinho pela Alicia. - Ele disse, também tomando seu milkshake.
- Hah, pode ser que tenha razão, Kurt... Mas ela nunca daria chance pra mim.
- Bom, você nunca tentou. - Ele disse me fazendo virar pra ele.
- O que eu digo, Kurt? - Perguntei bastante confuso.
- Hmn... Convida ela pro baile! - Ele disse ancioso. - Está perto. - Ele apontou o cartaz atrás de mim. Dei uma risada bastante irônica.
- Você pirou de vez, cara. - Eu disse cortando meu gargalhar, ele riu também. - Nunca que ela iria pra um baile comigo, na verdade pra lugar nenhum.
- E você nunca vai saber. - Ele disse, dando de ombros, talvez eu era muito precipitado, mas estava me poupando de um fora, que com certeza ela me daria.
- Bom, então... Quem você vai convidar? - Ele disse, eu olhei todas as meninas ao redor do refeitório, neste momento, Teddy passou pegando meu milkshake e derramando em Kurt.
- Porque você fez isso, Teddy? - Eu berrei corajoso, me levantando.
- Ah porque você fez isso, Teddy? - Me imitou fazendo uma voz fina. - Porque eu quis, viadinho. - Empurrou a cabeça dele pra que saísse do meio. Eu fiquei meio sem reação, vi as mãos de Kurt se retorcerem. Ele saiu apressado pro banheiro, todos no refeitório riram, ele estava deixando rastro.
- Parem! - Eu disse corajoso demais. Marcelo me amendrontou só com o olhar, também saí correndo.

- K-kurt... Kurt!! - O procurei dentro do banheiro, ele estava se limpando, seu rosto estava de um tom vermelho.
- Droga, eu vou matar aquele filho da puta!! - Ficou impaciente consigo mesmo, chutou a porta do box.
- Hey, calma, calma, Kurt! - Toquei seu braço, me equipei com uma toalhinha que eu sempre levava.
- Essa era a minha melhor jaqueta, aquele idiota me paga, me paga. - Apertou a mão em punho, realmente estava furioso.
- Relaxa, vai ficar tudo bem... Essa não é a pior coisa que podem te fazer. - Eu disse tomando liberdade de limpá-lo.
- Como assim, Bert... - Inclinou o rosto.
- Porque acha que nunca vou ao refeitório? - Foquei meu olhar no chão, terminando de limpá-lo. Ele fez um ruído indecifrável, agarrou meus ombros com força, seu olhar colidiu com o meu.
- Ele vai ter o que merece, prometo pra você. - Ele disse falando muito sério, percebi pela força com que estava me segurando.
- K-kurt, ele... Não se machuque. - Eu disse o abraçando, eu podia suportar aquilo todos os malditos dias, mas não queria vê-lo sofrendo junto comigo. Eu me encaixava direitinho embaixo do seu pescoço, meu coração fazia barulho. Ele me embalou sentido, se acalmando.
- O-obrigado... Kelly tinha toda razão, você é fundamental no meu tratamento. - Ri agraciado. - E na minha vida.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora