Cap. 28

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Minhas pernas fraquejaram, levantei meu rosto colado ao chão cheio de galhos secos da árvore, talvez eu tenha entrado em inconciênscia, eles me desamarraram, ou eu pesei com o tempo. Estava caindo o crepúsculo da noite, juntei todo o meu esforço e o resto do meu corpo... Fui pra casa.
- Bert, o que aconteceu? Porque está tão acabado assim? - Fred me olhou pela primeira vez um pouco preocupado. - Martín, o que aconteceu com Bert? - Martín fez uma cara de "se atreva a contar...", entrei em estado de inconsciência de novo.

No dia seguinte, o meu pior agressor estava sentado bem ao meu lado, e eu tinha que simplesmente fingir que não tinha nenhum impasse entre nós. Ele apertou minha mão, enquanto Fred dirigia para a escola. Eu tinha dito que havia sido assaltado, como eu não tinha nada de valor, se irritaram e acabaram por me massacrar.
- Por favor, Bert, é por isso que não gosto quando você passa a noite fora, você nem tinha costume disso, pelo menos nos avise... - Lenna reclamava sozinha, eu os encarava com fúria, Martín ria, acariciando minha mão, eu pensava em coisas bizarras e insanas o tempo todo, como eu tinha ódio de todas as pessoas que estavam dentro do carro.
- Bom, ele tem um amiguinho maconheiro, tenho certeza que arrasta ele para o mal caminho, eu já tentei muito o afastá-los, mas acho que Bert é apaixonado por ele. - Martín disse me olhando com um riso irônico.
- Meu Deus, eu não acredito, eu acho que não suportaria de você fosse um viadinho, filho. - Aproveirei o semáforo fechado e saí do carro.
- Bert, aonde você vai, você está louco? - Lenna disse, Martín riu, talvez era o que ele queria.
- Vou a pé. - Eu disse com a voz rouca, Fred deu de ombros, Martín deu um tchau.
- Filho da puta... - Eu disse rosnando, o carro sumiu pelo horizonte, eu queria mesmo ir a pé pra escola, não era tão longe. Naquele momento, pouco importava uma advertência.

Não olhei e nem falei com Kurt o dia todo, ele estava ocupado com sua turma, como todos os dias. Tinha ele inteiramente pra mim na hora do almoço, fiquei olhando a porta do refeitório... Resolvi não entrar, os três patetas estavam lá, também não queria que Kurt visse o estado do meu rosto.
- O que está fazendo aí... - Ele disse, eu parecia um imã pra ele, me assustei, ajuntei minhas coisas e me predispus a fugir, mas ele apertou meu braço.
- Aii, Kurt... - Eu gemi alto.
- Bert, você se machucou de novo? - Subiu minhas mangas... Cheias de hematomas extremamente roxos. - O que aconteceu, porque... - Ele ergueu meu rosto retirando os óculos escuros... - Que droga é essa, McCracken? - Me apertou os ombros de novo, me joguei em seu abraço e começei a chorar. - Foram eles, não foram?! Foram aqueles trogloditas... - Assenti. - Ah meu Deus... - Sentamos. - Quando e onde?
- Ontem depois das aulas, perto da praça. Eles me amarraram numa árvore e me bateram muito, Kurt.
- E onde eu estava, você podia me avisar.
- Eu estava indo pra casa, e você foi para a sua. Eu não sei, eu desmaeiei, eu não lembro muito... - Ele me abraçou mais uma vez.
- Temos que dar um jeito nisso...
- Não, Kurt... Eles disseram que estavam se vingando de você. Porque se me machucarem, estarão te machucando...
- Estão certos. - Ele disse tomando distâncias. - Mas eu não quero que isso aconteça nunca mais. - Fez uma cara bem séria, apertou minha mão. Eu ri de canto. - Então, o que fazer por aqui?
- Hmm... - Eu estava fazendo um resumo do trabalho, que estava nas vésperas de ser apresentado.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora