Cap. 17

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Fiquei constrangido demais pra falar qualquer coisa, nem tive coragem de olhar o motorista.
- Hmm... Então que dia eu posso te pegar pra ver minhas serpentes?
- Que tal hoje depois da escola? Eu sempre estou de tempo livre. - Ele riu irônico, mas não me preocupei.
- Pode ser, se eu não estiver ocupado demais. - Não quis pensar no que "ocupado demais" significaria, nem quis perguntar porque. Apesar de quase rachar quando estou com ele, sua companhia era ótima. Seguimos em silêncio, me possibilitando pensar em mim mesmo. Kurt fazia meu coração acelerar de um modo agradável e inexplicável, eu sempre queria ficar perto dele. Começava a bater por Alicia, mas acabava terminando com ele, e não é a mesma sensação. Em todos os momentos, Kurt estava na minha mente. O que está acontecendo com meu coração?!

O carro foi parando devagar, enquanto eu o olhava fixamente.
- Aquele é o Martín? - Disse tenebroso, apontando para o loiro do lado de fora, brincando com seu skate. Eu assenti arrumando a jaqueta emprestada.
- Espera um pouco? Vou pegar meus materiais e já volto, tá? - Disse o dando mais um beijo na bochecha. Ele acenou. Fechei a porta do carro retorcendo meus dedos. Torci pra que Martín não me fizesse passar vergonha, não na frente do Kurt. Suspirei, caminhei lento e medroso.
- Olha, esquisitão, finalmente deu as caras!! Onde você estava?
- N-não interessa, Martín... - Passei direto, ele não gostou da minha resposta.
- Bert, com quem você pensa que está falando? - Me virou para seu rosto.
- M-m-me desculpa, Martín... - Me encolhi, olhei pra Kurt saindo do carro.
- Não acho que uma simples desculpa vá te redimir... - Ameçou levantar o punho, que droga!!
- Eu f-faço qualquer coisa, Martín, por favor. - Eu o toquei desesperado, Kurt ficou apenas olhando por longe, eu estava morrendo de vergonha.
- Ah... Você é patético, Bert... Essa jaqueta parece ser legal.
- M-mas ela não é minha...
- A jaqueta!! - Estendeu o braço, suspirei pesado e a entreguei a Martín. Kurt fez uma careta estranha. O loiro ficou rindo, queria afudar meus punhos naquela cara de retardado, mas meu medo não me permitia. Passei direto para a sala, Lenna estava com Fred, eu lembrei de toda a pegação com meu tio. Tinha pena dele...
- Ahh Bert, aonde você foi? Ficamos preocupados. - Ele disse um pouco nervoso.
- Me engana que é ótimo. - Eu sussurrei pra mim mesmo, já tomando o caminho das escadas.
- Bert!! Você não pode ignorar a gente, me responda. - Disse já se aproximando.
- O que quer que eu faça? - Tomei coragem de enfrentá-lo, ficaram surpresos e até eu mesmo. Martín surgiu do nada com o nariz sangrando.
- Meu Deus, Martín, o que houve?! - Lenna o socorre preocupado.
- Eu caí, andando de skate, tá tudo bem. - Disse olhando específicamente para mim. Ele estava sem a jaqueta... Subi as escadas correndo, minha mente começou a pensar em Kurt mais uma vez. Martín me acompanhou, mesmo sendo uma péssima ideia para mim.
- Você foi o culpado disso, seu idiota. - Resmungou pegando alguma coisa em sua gaveta.
- Eu nem encostei em você... - Eu devolvi medroso.
- Não precisou. - Fez uma cara irônica limpando o sangue. - Mané... - Fugi o mais rápido que pude com meus materiais, nem olhei pros lados. Lá estava Kurt, bem na porta.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora