Cap. 22

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Lógico que não queria começar o dia sem me higienizar, porém a fome falou mais alto. Kurt me levou pra ver as serpentes dele com um tempo depois, elas eram muito legais, apesar de eu ter medo. Tinha uma que se chamava Boa Rosa, tinha uma coloração meio salmão e era muito bonita. Seu apelido era Lily, o terrário não parecia muito espaçoso.
- Kurt, você não tem medo que a Lily possa sair dessa jaula? - Perguntei. - Aliás, elas não são silvestres? Não é crime ter uma dessas?
- Calma, Bert... Nada é tão difícil de se domesticar. E shhh... Não é crime não.
- Onde arranjou elas? - Fiquei mais curioso, abocanhando o sanduíche.
- Bom, tenho uns amigos caçadores, as vezes eu também saio em busca dessas coisinhas. - Disse pegando uma jibóia, ao que parecia, e enrolando em seu pescoço. Eu tinha tanta admiração por quem conseguia fazer isso sem ser sufocado pelo réptil... - Quer segurar? Não tenha medo, nenhuma vai te machucar.
- N-não, tô de boa... - Observei ele brincar com o animal como se fosse um cachorro de estimação, cada doido tem sua loucura. - Como faz para alimentá-las?
- Ah, eu contratei um tutor. Compro uma porção de animais mortos, congelados, de vez enquando eu pego uns passarinhos. - Disse irônico. - Olha essa... A Milho. - Olhei bem no olho da tal. Era tão estupenda, magnífica... - E essa, a coral.
- Coral?! Ela não mata a gente? - Eu disse nervoso.
- Com certeza mata, mas esta é falsa! - Ele disse rindo de mim. A jibóia em seu pescoço me farejou. Meu coração bateu como um tambor.
- Larga esse bicho, por favor... - Pedi tímido, ele correspondeu rindo, devolvendo aquela gigante cobra ao seu terrário, que pegava bastante espaço.
- Que tal outro tipo de cobra? - Ele disse com uma sobrancelha levantada.
- Sou hétero. - Eu cortei a cantada na hora.
- Han? - Ele disse, estava falando mesmo das cobras. Ele veio entender muitos segundos depois, começou a rir perfeito. - Cara, não estou falando disso... Vem comigo?
- Ok, eu vou. - Eu disse jogando o resto do meu sanduíche no lixo.

Caminhamos até o zoológico, ele me apontou outras várias serpentes, mas estas eram peçonhentas. Seu domínio era interessante, nunca imaginei que Kurt pudesse ter tanta inteligência assim.
- Esta é meu desejo de consumo... - Ele babava pela cobra, um pouco marrom, com a cabeça mais escura. Aqueles olhos me amendrontaram por um instante, li na informação que ela leva um ser humano à morte em 45min. Tá na cara que Kurt tinha algum problema. Porque ele era tão atraído por elas? Pela Taipan do Interior?! - E aí, gostou de alguma? Você pode me falar, dou um jeito de arrumar pra você.
- Eu não... Não sei como cuidar... - Eu disse lembrando do Coby, meu cachorro. Imagina, de repente eu apareço com uma cobra venenosa em casa? Já basta Lenna. Mas eu tinha sim me encantado com uma. A Mamba Negra. Meus olhos brilhavam por ela, Kurt parecia até ter percebido.
- É a mais rápida que eu conheço. - Ele disse também admirando, ela era meio esbranquiçada com a parte superior negra. Suas informações me assustaram muito depois de alguns segundos. A morte varia de 15min a 3hrs, 15min!! Um pouco do veneno pode matar 10 homens adultos! Bom, há tantas maneiras de morrer, acho que morrer por ser picado por uma cobra é bem chato.
- Acho que quando você reencarnar, vai ser numa cobra dessas. - Eu disse lhe empurrando.
- Que assim seja, caro Bert. Sabe como aquele povo me conhece?
- Não... Como?
- Cobra da Morte.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora