Cap. 15

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Saí procurando um banheiro urgentemente, com a mão na boca. Era impossível de se caminhar com aquele monte de gente, meu refluxo só aumentou com medo de que eu vomitasse acidentalmente neles. Eu queria poder escolher entre vomitar e desmaiar... Avistei uma placa perto da pista de skate, ela parecia tão distante... Foquei meu juízo imperfeito nela, pedindo espaço pra passar pras pessoas em que eu esbarrava. Essa experiência não estava sendo agradável. Kurt também estava bem distante da minha vista. Depois de alguns eternos passos, entrei práticamente correndo dentro do banheiro. Estava ocupado, cheio de serpentes em jaulas, era tão sujo e com um cheiro marcante de sangue, levei minha mão a boca novamente, me esquivei, vi o loiro limpar uma faca também suja de sangue.
- B-bert?! - Ele me chamou, saí apressado do banheiro, mal notei ele me seguindo. - Bert! - Ele me puxou pelo ombro. Olhei pra Kurt... E não segurei. Vomitei nele. Todo mundo levou o olhar pra mim. Estava suando, minhas mãos tremiam e Kurt passva a mão naquela coisa nojenta... Vomitei de novo, minha cabeça começou a flutuar. Não posso desmaiar agora!! Me ajoelhei ainda colocando tudo pra fora. Todos se esquivaram dos respingos, me odiando na certa. Kurt ainda estava ali apenas me olhando, por pouco tempo, ele me pegou no colo, começei a chorar de vergonha. Todos me chamaram de idiota ou de qualquer coisa, me aconcheguei em Kurt mesmo estando cheio de vômito.
- Calem-se. - Ele disse bastante sério, todos se amendrontaram e discutiram pra ver quem iria limpar. - V-você está bem? - Perguntou me colocando na cama. Acenei que não. Kurt vai me odiar também, abraçei meus joelhos.
- M-me d-d-desc... - Eu disse com um arroto, Kurt começou a rir muito.
- Imagina se você estivesse chapadão! - Ele disse se trocando, a iluminação era precária, mas percebi todos os detalhes do seu corpo. Ele ficou só de cueca. Meu coração acelerou como um carro.
- Me d-desculpa, mesmo, me sinto um idiota! - Eu disse largando meus joelhos.
- Tudo bem, Bert. - Ele disse virando pra mim, me afagando os cabelos.
- Não faz isso... - Segurei seu braço, tinha uma sequência de cortes presentes nele, não me manifestei.
- Você está sujo, que tal trocar de roupa? - Ele disse se afastando envergonhado, percebendo que eu já vi.
- P-porque você s-se machuca?!
- D-desculpa, n-não trouxe r-roupa suficiente... - Ele desdobrou tirando algumas coisas da gaveta.
- Kurt, porque você faz isso? - Me levantei preocupado.
- Não é da sua conta, tá legal... - Ele disse me parando.
- E-eu sou seu amigo, você pode me contar... - Me aproximei mais dele.
- É melhor não saber, eu não quero que você me abandone também, Bert!! - Ele disse tremido, visívelmente chorando.
- Kurt, eu não vou te abandonar... Por favor. - O fiz carinho, o abraçei, minhas mãos tocaram seu tórax involuntáriamente. Ele olhou pro chão.
- Eu faço isso comigo mesmo... Quando estou com raiva, muita raiva. Ou triste, muito triste. Quase o tempo todo... Eu estou sozinho a bastante tempo, Bert, meus pais me deixaram, meus irmãos... E ninguém quer ficar comigo, Bert.
- Sei como se sente.
- Não, por favor, você tem sua própria família! Eles cuidam de você, você não tem problemas com uma raiva descontrolada. - Tirei meu moletom me virando de costas.
- Eu sei... Como se sente. - Mostrei meus braços perdidos nas listras.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora