Cap. 21

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O que "dar um jeito" poderia significar? Sério, a casa dele parecia um lixão, cheio de sacos plásticos suspeitos... Problemas mentais, serpentes, e naquele dia estava limpando sangue de uma faca... Não consigo decifrar. Sei que Kurt me dava proteção e eu adorava isso. Fomos para o clube novamente, estava calmo e silencioso, talvez a festa tivesse finalmente acabado. Ele pegou duas bebidas e estendeu uma pra mim. Fiquei parado enquanto ele colocava alguma música em seu celular.
- Kurt, é você? - A voz doce e serena de Katy o chamou, ele foi ao seu encontro, sinalizando que era pra eu esperar. Bom, era lógico que eu esperaria, não tinha pra onde ir. Então, sentei na cama tentando pensar em qualquer outra coisa que não fosse Martín. Deixei a música invadir meu pensamento. Free Fall Without Parachute. Meu olhar se arregalou, era exatamente como eu queria me expressar, era exatamente o que eu sentia no momento, raiva, ódio e indignação! Era exatamente o que eu queria fazer com Martín, cortá-lo de orelha a orelha. Fiquei perdido na lírica da música, me senti um verdadeiro pscopata, até que Kurt me viu perambular pelo quarto balançando os dedos.
- Minha nossa, parece que você gostou dessa música. - Ele disse, eu corei no mesmo instante.
- P-poderia repetir? - Pedi medroso com alguns segundos.
- A vontade, Bert, você quem manda... - Ele disse, rindo fofamente, me correspondendo. - Ela é uma das minhas preferidas. - Fechei meus olhos concentrado de novo, eu imaginava a cena, a faca deslizando pelo rosto de Martín, descendo um adorável sangue. Ouvi a risada boba do Kurt, eu deveria parar de ser tão esquisito... De repente sinto suas mãos me embalarem, me rodopiou e fizemos alguns movimentos esquisitos, mesmo sendo uma música punk bem pesada, a gente dançou. Meu coração começou a acelerar, me esqueci o real motivo do que estava fazendo ali por causa do álcool, sei que parecia ser o momento mais feliz da minha vida...

Despertei sentindo um calor envolvente em minha cintura, olhei pro chão, tinha muitas garrafas. Me aconcheguei, logo mais me assustando, Kurt estava dormindo abraçado a mim. Sabe se lá o que ele fez comigo a noite toda!! Me afastei bastante confuso, senti uma dor de cabeça enorme, mas pelo menos, eu ainda estava de roupas e ele também. Estava tão fofo dormindo... Seu celular estava ao lado da cama, eu o peguei e vi que eram 10hrs.
- Droga... - Sussurrei pra mim mesmo. Lá se foi um dia de aula perdido... Nem fazia importância, comemorei com alguns segundos. O loiro tinha muitas mensagens, mas resolvi não bisbilhotar. Me joguei no travesseiro de novo, Kurt se aconchegou mais me apertando como um urso de pelúcia, automáticamente meus braços o tocaram, se apertando mais. Ele levantou como um susto com alguns minutos, eu já tinha voltado a dormir, senti seus dedos deslizarem pela minha bochecha, depois senti lábios no topo da minha cabeça... E assim, fui abandonado no quarto. Mas estava muito sonolento pra seguí-lo ou questioná-lo... Ou fazer qualquer coisa.

- Olá... - Ele me disse assim que meus olhos se abrem com firmeza. Pisquei, me arrumando melhor na cama, arrumada do lado dele.
- Que horas são?
- Duas da tarde. - Ele respondeu.
- O quê?!! São duas horas?! - Me levantei rápido. - Porque me deixou dormir isso tudo?!
- Você estava fofinho dormindo, não quis atrapalhar... Sabe, ontem, você parecia estar tão contente... - Disse sincero, me analisando. Fiquei meio sem graça. - Espero que não se importe muito, eu não sei cozinhar e não sabia do que gostava, então trouxe um sanduíche pra você.
- Mas... Preciso escovar os dentes primeiro...
- Não precisa ser tão certinho comigo, Bert. Ninguém vai saber. - Ele piscou.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora