Cap. 1

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O dia estava malditamente ensolarado, coisa que eu odiava. Não há justificativas suficientes para que o sol brilhe um intenso dourado, principalmente hoje. Coby acaba de ser enterrado, então tudo deveria estar nublado. Ele era um ótimo cachorro, um ótimo amigo, a única coisa que ficava contente ao me ver... Consigo me lembrar de quando era um filhotinho, minha mãe me deu ele. É difícil aceitar que a única coisa que me lembrava dela morreu também. É difícil aceitar que nunca mais vou brincar com ele, acariciar seu pelo macio ou ouvir seus latidos, que para mim eram uma doce melodia. Sem Coby eu me sentia triplamente sozinho... Só quis me certificar de que morresse de uma maneira decente, como um verdadeiro cão herói que era. Seu corpo descansa embaixo da macieira no meu quintal, onde ele costumava cavar enormes buracos. Tinha que acostumar a vida sem meu único amigo, seria bem difícil viver sem ele.

- Bert, venha, está na hora de entrar. - Fred, quem deveria ser meu pai, falou por trás de mim.
- Não vou sair de perto dele. - Eu disse como um sussurro, deixando minha dor se manifestar pelas minhas lágrimas geladas.
- Já passou a tarde toda aí, vai escurecer. - Ele disse estendendo a mão, mas permaneci imóvel.
- Não vou sair de perto dele. - Repeti segurando uma flor branca, ainda focando o monte de terra por cima do cadáver.
- Bert, estou perdendo a paciência... Coby morreu, nunca mais vai voltar, agora vamos. - Continuei imóvel. - Bert!! - Gritou.
- Eu não vou sair de perto dele. - O encarei chorando muito.
- Bert, você vai entrar por bem ou por mal, decide!! - Ele disse um pouco alterado. Eu não queria testá-lo, só queria ficar perto do meu melhor amigo. Estava doendo, e só eu sabia o quanto, mas só eu me importava também. Fred se dominou de impaciência e me puxou pelo braço, me arrastando pelo gramado brevemente úmido.
- NÃO, EU QUERO FICAR COM COBY!! COBY!! ME DEIXE IR COM ELE!! - Gritei desesperado.
- Cala a boca, menino idiota, esse cachorro miserável bateu as botas!! - Ele disse me abandonando no carpete da sala. Puxei minhas lágrimas o encarando com fúria.
- Ainda por causa daquele cachorro? - Lenna dizia enquanto passava um batom vermelho nos lábios. Ela era uma típica garota interesseira, tinha um corpo exuberante e bonito, no entanto tinha a mente pequena e o coração vazio. Conseguia fazer a cabeça de Fred em 3 segundos, sempre fazia o que a madame queria.
- Acredita, amor?! Esse garoto tá me dando só trabalho. - Ele disse lhe roubando um beijo. Eu senti tanta raiva e nojo nessa hora... Fiquei somente os encarando, com o olhar afogado e em conflito comigo mesmo.
- O que é, esquisitão, perdeu algo aqui? - Ela disse irônicamente, assim que Fred se volta à cozinha. Deu uma risada sarcástica enquanto eu negava lentamente. Limpei meu rosto com o moletom e subi as escadas ligeiramente, contando os azulejos ou brincando com os dedos.

Cheguei no meu amável quarto sentindo a brisa fria, logo mais percebi uma garoa caindo sob minha janela. Ótimo, assim a flor em cima de Coby não morrerá tão depressa quanto ele, quanto minha mãe... Quanto minha felicidade.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora