Cap. 31

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Eu dormi chorando, acordei com os olhos bastante inchados. Milhões de vezes eu pensei em denunciá-lo, mas meu coração foi bobo demais para vê-lo numa cadeia. Tinha umas 15 ligações perdidas e 28 mensagens, a última coisa que eu queria pensar era em Kurt. No entanto, a única coisa que eu pensava. Não consegui sair do quarto naquele sábado, nem ninguém teria motivos pra me procurar, então me deixei morrer por aquele dia. Ouvi um toc na minha porta, quando eram mais ou menos 2h da manhã.
- Bert, tá me ouvindo? - Era alucinação, ou ouvi a voz de Kurt? Abri a porta desesperadamente, ele estava tão choroso quanto eu. - Eu... Espero que não tenha tanta raiva de mim. - Me estendeu um buquê de flores.
- Tarde demais. - Eu disse tomando para mim, eram lindas.
- Eu nunca quis te esconder porque era um péssimo amigo, Bert... - Ele disse já adentrando o quarto.
- Eu não te denunciaria por nada, Kurt, mas você deveria ter me contado, pôs minha vida em risco? Depois de tudo que fizemos, nos divertimos... Você me deu medo! - Eu disse quase cuspindo as palavras.
- Eu sei, Bert. Eu vou entender se não me perdoar... Só... Me fala, era verdade o que você falou no clube? - Eu tentei forçar um maldito flashback, e eu lembrei... "Não consigo acreditar que eu quase me apaixonei por um psicopata!" Fiquei sem resposta, ainda segurei as flores, as cheirei pra desfarçar o quão nervoso eu estava. Senti suas mãos envolverem meus braços, meu coração resolveu me espancar.
- Não, eu só me embolei nas palavras, eu estava com raiva, eu não sou gay, e nem lembro direito o que eu falei ontem... - Disse um pouco rápido me afastando.
- O que vai acontecer entre nós agora?
- Estou muito bravo com você e eu acho que te odeio, eu tenho muito medo de você... Agora.
- Não preci... - Peguei o telefone ameaçando ligar pra polícia, ele derramou uma única gota transparente e desapareceu do meu quarto, de um jeito meio enlouquente, afinal, como ele havia entrado? Segui e vi que a fechadura da porta principal estava meio violada, claro, um assassino tem suas artimanhas.

Então... Minha vida voltou a ser patética mais uma vez. Eu me afastei totalmente dele, fez questão de se sentar em outro lugar pra não me despedaçar ainda mais. Eu me sentia um tanto idiota... Eu parecia estar mesmo me apaixonando por ele, quanto mais eu tento esquecer, mais eu me lembro. Nem Alicia consegue desviar meu pensamento. Estava olhando pra ele quando aquele azul cristal penetrou os meus de um jeito desolado. Me enfiei dentro do armário como na primeira vez que nos atraímos, ele passou por mim com passos pesados e curtos. Eu não aguentei, fui direto pro banheiro me afogar em lágrimas. Não posso negar que sentia saudades dele, mas meu medo de tudo era bem maior. Eu não sabia qual passo dar pra resolver as coisas entre nós.
- Olha só o que temos aqui... Uma maria chorona... - Marcelo disse com um riso malvado.
- Por favor, me deixem em paz. - Abraçei meus joelhos.
- Ahh, o que foi, docinho? O Cobain te deu um toco, foi? - Mexi a cabeça negativamente.
- Nem somos mais amigos. - Sussurrei, eles fizeram uma cara de surpresa.
- Quer dizer que ele te chutou pra escanteio? Haha isso quer dizer, que você é nosso agora? - Riram malvados.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora