Cap. 6

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Vou pro refeitório é o caralho. Minha solidão é mais segura. Me senti um covarde, mas depois tive orgulho disso. Fazia tanto tempo que eu não entrava lá... Preferi observar por longe, e afinal de contas, eu não faria falta a Kurt. Ele tem sua própria turma, e eu não duvido que me odeiem também. Alicia passou enlaçada a Teddy como se ele fosse um urso gigante. Como uma pessoa tão perfeita pode escolher um cara tão babaca como ele?! Espera, Bert... E você? O que tem pra oferecer? Você é um nada, nem beleza ou arrogância você possui. Melhor calar meu pensamento antes que eu enlouqueça. Depois de alguns minutos, meu estômago se revoltava de fome. Eu não devia ter saído assim tão cedo, ou pelo menos, tão despreparado. O tempo se arrastou como décadas... E se eu entrar lá? Eu preciso comer algo... Vou na velocidade da luz, antes de Kurt ou Teddy me notar... Não, não, eu não sou louco de entrar no refeitório, não!!

Abri sorrateiramente a porta do refeitório. Olhei com um olho, apenas pela brecha, ainda pensava ser má ideia estar no mesmo lugar que Marcelo e Teddy. Estava cheia, o cheiro de comida era enjooante e o barulho desnorteava meus neurônios. Eu não conseguiria entrar.
- Sai da frente, metido. - Um aluno de outra turma falou passando apressado. Ele empurrou a porta com força, fazendo meus cabelos voarem com o vento. Nesse mísero milésimo, Kurt direcionou seu olhar a mim, meu rosto corou instantaneamente e eu me escondi atrás da outra porta. Me preparei pra fugir, até que já sinto sua mão pesando em meu ombro.
- Eu sabia que viria... - Sussurrou baixo, arrepiei total.
- E-e-eu tô com fome. - Eu disse lhe arrancando um riso fofo.
- Vamos para a mesa, eu peguei um hambúrguer... Eu não sabia do que você gostava, mas... Só tinha isso mesmo.
- T-tá ótimo, Kurt. - Dei de ombros, olhando pro chão. Ele era um pouco maior que eu, esperei ele ir na frente. Eu me senti tão especial, ele foi pra fila pegar um lanche para mim!! Eu não merecia tanto, meu interior tremia de desespero e medo. Ele olhou pra trás pra ver se eu o acompanhava. Eu estava, retorcendo meus dedos pra fugir, mas estava. Ele ficou próximo de mim, sem falar nada, pedindo licensa para os alunos que nos empatavam. Paramos numa mesa um pouco escondida e discreta, pelo que vi, ele estava sozinho.
- Seu hambúrguer. - Empurrou a bandeja pra mim, comi sem resistir. Comer era a melhor sensação do mundo. Ele ficou só me observando.
- Cadê seus amigos? - Eu disse medroso, sem olhar em seus olhos.
- Eles já foram... Eu não fui porque eu sabia que você viria. - Ele disse, fiquei sem graça.
- O-obrigado... Não vai c-comer? - Apontei o dele, ele riu antes de abocanhar o hambúrguer, deu apenas umas mordidas.
- Tô cheio... Eu já comi uns 3 desses te esperando. - Me deixou sem graça mais uma vez. Suspirei, olha só no que dá ser anti-social.
- Hmn... Posso? - Eu tinha comido o meu e ainda estava com bastante fome.
- Vai em frente... - Disse me empurrando a outra bandeja, com um riso simples, eu comi como um búfalo. Parei meu olhar na mesa de Teddy, Marcelo focou em mim, eu virei instantaneamente para o chão, sabia que era uma má ideia. - O que foi... - Kurt olhou pra trás. - É o Marcelo? Não suporto esse cara...

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora