Cap. 7

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- Sério, como ele é mesquinho... - Kurt ainda reclamava de Marcelo. Meu coração acelerou como um tubarão, eu nunca vi mais alguém ter problemas com o garanhão da escola. - O que ele te fez? Tem medo dele?
- Até parece que você não sabe. - Eu disse abandonado o hambúrguer no guardanapo. Eu tinha que sair dali o mais rápido possível.
- Se quiser eu posso dar um jeito nele. - Disse segurando meu pulso, me impedindo de levantar, não quis descobrir o que essas palavras significariam. Penetrei o olhar intenso de Kurt, ele não tinha nada que odiar Marcelo, nem Marcelo tinha que odiar em Kurt, deveriam ser amigos.
- Porque o odeia... - Eu perguntei sem nexo, agindo como um imbecil.
- Ele te machuca, eu o odeio por isso. - Minha bochecha esquentou. Olhei direto pro chão, até o apetite tinha passado. Eu nunca poderia ser tão imbecil quanto aquela hora. Vi meus dedos sujos de ketchup, ele me estendeu um guardanapo. Kurt tinha um jeito tão doce e delicado, esses simples gestos fizeram meu coração balançar quase caindo.
- Heey... No que você está pensando... - Disse passando um guardanapo no canto da minha boca. - Você ficou calado de repente.
- Nada. - Eu respondi rindo mínimo. - Muito obrigado, Kurt... Eu estava morrendo de fome.
- De nada... - Ele devolveu, não consegui olhar em seus olhos, eles eram bonitos demais para serem fitados por um zé mané como eu. Não consegui pensar em nada, quando aqueles dedos remexeram em meu cabelo suavemente. Ele estava sorrindo, não debochado, sim agraciado. O silêncio entre nós estava ficando pertubador, mas eu não consegui dizer mais nada. 3 segundos depois a sirene toca!!

Saí como um jato. Eu me senti tão enjoado que fui correndo vomitar. Empurrei o garoto, que estava caminhando lentamente na minha frente. Kurt não precisava entender meus níveis de anciedade. Fiquei no banheiro por 15min, quase meleco todo o meu cabelo, que droga!! É um bom começo de amizade...
- Tá tudo bem? - A primeira voz que escuto ao sair.
- D-desculpa... - Apontei seu braço levemente arranhado, pensei ter o empurrado com tanta força à ponto de provocar uma queda.
- Relaxa... Não foi... Você. - Disse o mais sincero possível. - O que aconteceu? - O vi arrumar mais a manga da jaqueta de couro estilosa.
- Me senti mal... - Eu disse me virando, pra não ter que olhar para seus olhos.
- Será que foram os hambúrgueres? - Ele disse preocupado, me fez rir internamente. Queria ter dito que quando eu fico nervoso demais, eu vomito tudo, se não, desmaio. Mas tudo que consegui dizer foi...
- Deve ter sido.
- Mas também, você comeu dois...
- Você comeu três inteiros e não teve problema.
- Mas eu tenho estômago forte... - Ele disse um pouco irônico. Caminhamos lentamente, conversando sobre problemas estomacais, o melhor assunto possível. Paramos em frente a porta da sala.

- Não podem mais entrar. - O professor disse.
- Bert estava vomitando, sr... - Kurt me defendeu, eu fiquei atrás dele, práticamente como uma sombra, me puxou... Estava suado! Meu coração me espancou, seus dedos triscaram na pele da minha mão...
- Ah... Pois acho melhor ele ir pra casa, não é mesmo?! - O professor disse irônico.
- Sr, é verdade... Ele estava vomitando, olha a cara dele... Mas agora já passou. - O professor deu um arquejo sarcástico, me analisando direito.
- Sim... Mas e você? Não parece estar passando mal...
- Eu estava mais ele. - Disse com um riso, fiquei olhando o quanto Kurt parecia tentador, enquanto discutiam.
- Olha, Bert pode entrar porque estava vomitando. Você não, não entrou porque não quis. - O professor disse abrindo espaço pra mim, Kurt rosnou furioso. Pus apenas um pé na sala, poxa... Ele vai ficar fora por minha causa...

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora