Cap. 44

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Passando alguns dias, meu treinamento com tiros tinha tomado impulso total, pra cada alvo certo, um beijo do Kurt. Um ótimo prêmio, não é? Eu escondi a arma que Katy me deu, parecia simbolizar que não havia mais diferenças entre nós. Como não temos 200 dólares para cada treino na loja de armas, fizemos alvos improvisados no clube mesmo, com papelões e garrafas e vidros. Eu já conseguia atirar a distância, por mais que não precisasse. Os três patetas não perdem por esperar, vão pagar por tudo que me fizeram sofrer. Às vezes eu errava de propósito, só pra sentir o toque do loiro na minha pele, mas isso não significa que eu não queira estourar os miolos de alguém.
- Já está quase um assassino de carteira. - Disse irônico, enquanto deslizava a bandeja do almoço, eu me convenci.
- Não vejo a hora de acabar com eles.
- Pelo menos, vão se divertir no baile... - Apontou um grande avoroço.
- É... Mas quem ri por último, ri mais alto. - Eu disse também olhando, Kurt começou a rir perfeito. - Vamos ver o que está havendo? - Ele assentiu e nos aproximamos, a nossa sala inteira estava reunida, pareciam querer fazer um baile só deles.
- Hmmn... E sei lá, pode ser num clube perto daqui. - Um aluno disse, a gente só ficou na espreita.
- Hey, legal, e sabem quem vai tocar pra gente? - Teddy fez cara de suspense. - The Used.
- The Used, não brinca! - Kurt disse, se empolgando mais que o necessário. Chamamos atenção, e ele continuava rindo bobo.
- Quem disse que vocês vão? - Marcelo apontou confuso.
- O quê? Mas nós também fazemos parte da sala... - Eu disse confiante.
- Olha, é só pros descolados, e não pra manés como vocês dois. - Marcelo disse malicioso, emperrei meus olhos.
- Espera um pouco, a sala toda vai. Nós gostamos muito do The Used, por favor, nos deixem ir.
- A sala toda votou contra, então faz o favorzinho de se retirar daqui. - Teddy disse, eu inclinei involuntariamente para Alicia, ela olhou pro chão.
- ... Porque? - Eu afoguei o olhar, Kurt segurou meus ombros.
- Não queremos manés na nossa festa. - Outro aluno disse e assim todos começaram a dar seus motivos. Senti Kurt rosnar, eu também rosnei, era difícil acreditar numa exclusão tão severa quanto aquela.

- Ahh eu canto, eu canto pra você. Não fica triste. - Eu disse me distanciando da pia, Kurt gostava mesmo do The Used, tudo que ele queria era vê-los de perto. - Meu nome não é Bert McCracken? Mas hoje eu sou McCrackin, com i. Como é aquela música bonitinha mesmo? - Peguei meu celular como um microfone e começei a cantarolar.

So deep,
That it didn't even bleed and catch me,
Off guard, red handed;
Now I'm far from lonely
Asleep, I still see you lying next to me
So deep,
That it didn't even bleed, catch me ahhwoaahh...

- Uau, Bert... Você é incrível. - Ele disse me olhando apaixonado, foram dois segundos pra sentir seus lábios no meus. Ele me empurrou pra pia, já exaltado, mordi meus lábios, demos uma vista geral no banheiro, parecíamos estar a sós. Todos estavam ocupados demais planejando o baile. Kurt trancou a porta enquanto eu já ficava malditamente ancioso, seus lábios me alcançaram com fogo.
- Hmn... É tão excitante transar no banheiro da escola... - Sussurrei quente, ele deu um riso malvado e me virou depressa.
- Temos que ser rápidos, McCracken... - Ele devolveu na minha orelha, senti a calça deslizar com a boxer só de uma vez. - Você me deixa tão duro... - Agarrei o mármore gelado, ele entrou com mais violência dessa vez.

ninguém quer dançar com vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora