No fim de semana seguinte, fomos para Rio Preto, um evento fora do calendário, mas com um bom prêmio, e era o que a equipe estava precisando, um pouquinho de verba. Manu, a garota que cuidava de toda a burocracia, e era braço direito de Ivan, era encarregada da agenda da equipe, e algumas etapas eram cortadas por falta de dinheiro, para algumas, não conseguíamos nem pagar o transporte dos carros. Por isso, estávamos focados nos eventos aleatórios e no campeonato paulista.
Dessa vez, a prova era a minha queridinha, a prova de regularidade acontecia no sábado, e no domingo, duas especiais de velocidade. Apesar de algumas mudanças, eu conhecia bem as trilhas, eram fantásticas, e o tempo estava bom, o que ajudava muito.
Não sei o que houve, parecia que alguma luz iluminou a cabeça do Ivan, e ele resolveu me ouvir, mandou Léo para as provas de domingo, e Du e Regi nas de sábado. Não tinha porquê pagar a inscrição do Léo em uma prova que ele não tinha a menor chance de ganhar, e o mesmo valia para os dois.
Na sexta de manhã, Ivan passou em casa para nos pegar com seu Fusion preto de mafioso. Ele se achava com os óculos aviador na direção daquele carro, mal sabia ele que, o pessoal chamava a cena de "Limusine do Pouca Telha". Ai os caras eram foda, não tinha como não rir quando ele chegava.
Na quinta-feira, já tínhamos preparado o Afonso e o Hobbit para o transporte e quando chegássemos na sexta, era só dar os ajustes finais e levá-los para a vistoria antes das provas.
Eu, meu pai e Regi saímos de casa, passamos pegar o Du na casa dele, que ficava do outro lado da cidade, e infelizmente tive o desprazer de encontrar Gabriela esperando na calçada, e para variar, Du estava atrasado.
Abri a porta de trás do carro, esperando Du sair de dentro da casa, e ela se aproximou.
- Bom dia para vocês. - Falou com um sorriso falso. - Oi Elise.
- Oi, o Du vai demorar? - Cortei logo a simpatia para não começar a discutir.
Graças a Deus ele chegou logo em seguida, deu um beijo nela, e entrou no carro. Pulei no pescoço dele dando bom dia. E parecia que ele estava mais animado. Talvez porque aquela prova era dele. Ele mandava muito bem.
Pegamos a estrada e estranhei de passarmos por Campinas direto, sem buscar o Léo, mas pensando bem, não ia mesmo caber ele no carro.
Na parada no posto no caminho, eles entraram para comer alguma coisa, e fiquei sentada no capô do Fusion mexendo no celular, pedi só uma água para meu pai.
Só tirei os olhos da tela quando ouvi o som do System of a Down tocando Prison Song na maior das alturas por um carro chegando ao posto. Nem precisei olhar. Mercedes SLK com um maníaco por atenção no volante, só podia ser o Léo.
- E ai? Bom dia, Gordinha. - disse ele descendo do carro.
- Bom dia. - respondi sem olhar direito para ele, e me voltando para o meu celular.
- Pri, Ma, vão lá dentro pegar alguma coisa pra eu comer. - Ele virou para as duas garotas loiras, que deram risadinhas e saltaram do carro com seus shortinhos com metade da bunda de fora. E eu fiquei vendo a cena dele encarando as duas andando para dentro do posto. Fazendo aquela cara de canalha que ele tinha quase todo o tempo.
- Nossa... Precisa mesmo disso tudo? - disse ainda mexendo no celular.
- Tudo o que? - Ele riu e se aproximou.
- Essa cena... Duas garotas com a bunda de fora num conversível... Achei que você fosse mais criativo. - ri para ele.
Ele sorriu de lado para mim, e me puxou para fora do capô pelos tornozelos, até eu ficar em pé na frente dele, e ele se abaixar para falar comigo, muito mais perto do que deveria.

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Elise (Repostando)
Teen FictionRespondona, grossa, encrenqueira que não leva desaforo para casa, e com ótimo gosto musical. Elise é a faz tudo de uma equipe de Rally. Viajando com seu pai, seu irmão e os caras da equipe desde os 14 anos, ela foi obrigada á se encaixar nesse meio...