13 O melhor primeiro dia do ano

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   Perto das seis da tarde, começou uma movimentação nos quartos ao lado, saí para ver do que se tratava. Eles estavam se arrumando? Para que? Será que iriam embora?

Saí de lá e encontrei Gabriela no rancho.

- Você sabe por que os meninos estão se arrumando? – perguntei confusa.

- Para a noite, Elise. Daqui à pouco vou me arrumar também.

- O que? Mas por quê? A gente não vai ficar aqui mesmo? – falei  confusa com aquilo.

- Elise, é virada do ano, a gente tem que passar com uma roupa nova. – Ela me explicou como se eu fosse uma retardada. Fiz careta para ela. – Vamos lá, eu te ajudo a se arrumar.

- Mas... Gabriela eu nem trouxe roupa para me trocar. Que coisa idiota... A gente vai se arrumar para ficar aqui?

- Elise, agora a noite, a família do Inácio e do Nildo vem pra cá, vamos fazer uma ceia... Você não está sabendo? – falou surpresa com o meu espanto.

- Não, ninguém me disse nada disso. – franzi a testa.

- Ah meu Deus, Elise... – Ela me olhou morrendo de dó. Acho que para ela isso era a coisa mais terrível do mundo. – Temos que arrumar uma roupa para você.

- O que? Eu tenho roupa, Gabriela, não é roupa de festa, mas paciência... – dei de ombros.

- Não Elise, vem vou te deixar bonita, prometo. – Ela pegou meu braço e começou a me puxar. - Eu devo ter um vestido...

- Vestido? – Eu ri - Nem fodendo! – Me soltei dela, e empaquei.

Ela me olhou surpresa, e se aproximou outra vez. – Por que você não experimenta? Aposto que o Léo não ia resistir se te visse de vestido... Feito menina.

Me afastei dela fazendo careta. – Espera aí? Como a conversa chegou no Léo? – falei quase fuzilando de raiva.

Até parece que eu ia me prestar a um papel ridículo daqueles...

Ela entortou a cabeça para me olhar com os olhos cerrados.

- Elise... Dá uma chance, vai... – Fez beicinho para mim. – Você vai ficar tão linda.

- Sem chance, não vou deixar você brincar de Bete a feia comigo não.

- Tá, só olha então, se não gostar você fica com a bermuda do seu tio... – desdenhou ela.

Eu não entendia por que todo mundo implicava com essa bermuda, ela ficava tão bem em mim.

Ela nem esperou eu responder, me puxou pelo braço até o quarto, e começou a revirar as três malas de roupas que ela levou.

- Olha isso... - disse erguendo um vestido meio amarelo, fiz careta para ele, era ridículo, e tinha cor de vômito.

Ela me mostrou um vermelho de alcinhas, e um azul com saia de camadas. E eu olhava todos com a mesma cara de nojo.

Por fim, acho que era seu último trunfo, ela me mostrou um preto, era bem simples, de malha, com uns botõezinhos na frente. Aquele não era tão horrível.

- Você gostou desse? – Ficou animada.

- Esse não é feio. – dei de ombros.

- Experimenta! – Ela quase dava pulinhos.

Peguei o vestido, e olhei para ela fazendo careta.

- Gabriela, em que mundo você acha que uma roupa sua, vai servir em mim? – Olhei para a cintura de Barbie dela.

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora