12 Jogo

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Três dias antes, começou a minha briga dentro de casa. Eu implorando para meu pai me deixar ir com o Lestat, e ele me implorando para eu parar de implorar. Mas no fim, é claro que meu beiço ganhou a parada.

E na manhã do dia trinta, Lestat estava lavado, encerado, e calibrado para a curta viagem.  Meu pai acomodou a caixa térmica cheia de cervejas no porta malas, as sacolas de carnes, as roupas de cama, e as mochilas de roupas no banco de trás.

Peguei meu notebook, e os carregadores.

Fechei a tampa do porta malas, e Lestat estava um pouco mais baixo por causa do peso.

Meu pai fez careta para ele, enquanto eu sorria animada.

- Não sei onde eu estava com a cabeça quando concordei com isso. – Lamentou passando a mão pelos cabelos, com uma cara de arrependido.

- Pai, fica tranquilo. – Eu ri – O Lestat vai se sair bem. – Pisquei para ele.

Ele entrou do lado do carona e minha tia saiu na janela.

- Tchau, tia. – Sorri, indo até ela para lhe dar um beijo. – Boa passagem de ano para vocês.

- Para vocês também. – Ela sorriu. Depois fechou a cara ao ver meu pai no banco do carona. – Mas é você que vai dirigindo, Elise?

Sorri para ela sem responder e entrei no carro. Dei um aceno, e arranquei com o Lestat, meu pai me olhou feio, e resolvi andar mais devagar.

Lestat se comportou muito bem na pista para um carro de dezoito anos, e meia hora depois, já estávamos em Araras. Meu pai pegou o mapa super mal feito que o Du tinha desenhado, começou a me indicar o caminho, e rapidamente chegamos a chácara.

Praticamente todo mundo já estava lá, buzinei em frente ao portão de madeira, e Nildo correu para abrir o portão para gente. Entrei e não resisti ao ver a Mercedes do Léo parada no barranco. Estacionei o Lestat quase encostado nela, puxei o freio de mão e deixei engatado, porque o aquele freio dele não era nada confiável. E apesar da brincadeira, se o Lestat empurrasse aquela merda do barranco eu estaria ferrada.

Nildo me cumprimentou e nos ajudou a descarregar o carro.

Os meninos estavam de bermudão, sem camisa, alguns na piscina, outros jogados no chão. Fabio e Vini batiam bola no campo. Eu carreguei a mochila com o notebook, e uma das sacolas de carne até o rancho onde estavam os freezers. Assim que guardei a sacola, Léo me deu um abraço todo molhado de quem tinha acabado de sair da piscina.

Eu tinha certeza que ele ia fazer aquilo. Era a cara dele.

- Ahh chegou quem faltava! – Ele sacudiu o cabelo na minha cara para me molhar.

- Oi, Léo. – fiz careta, e atirei uma pedra de gelo nele.

Ele se esquivou, e voltou para perto de mim rindo.

- Você veio na lata velha, é? – brincou ele.

Cerrei os olhos para ele, e me aproximei para cochichar no seu ouvido. – Você devia respeitar meu filhote. – Eu ri – Quando ele se sente triste, o freio de mão dele solta sozinho. – Fiz uma voz maligna.

Ele me olhou confuso tentando entender a piada. E  apontei para a Mercedes com a cabeça. Parada no barranco, sendo ameaçada pelo Lestat.

Ele cerrou os olhos para mim. Depois riu. – Você...

Eu ri. – É melhor você elogiar ele muito, para ele continuar quietinho lá.

- Tá bom. Vou lá trocar uma ideia com ele depois. – brincou ele.

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora