17 Admitindo

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A semana se arrastava sem ter nada para fazer. Eu falava com o Léo todos os dias pelo skype, e mesmo assim, sentia um aperto tão grande quando ele tinha que desligar. Eu não pensei que eu ficaria tão tonta por alguém... Terrivelmente apaixonada desse jeito. Será que todo esse tempo, não era só paixão pelas corridas? Será que já era, em parte, uma paixão pelo Léo? A briga mesmo, eu acho que não fiquei com raiva pelo que ela disse, me chamar de sapatão, grande coisa.. Eu já tinha ouvido muito mais que isso. Acho que o problema foi ela ter dito isso na cara dele. Meu medo era de ele acreditar, por que no fundo eu já... Que droga... Eu não sabia dizer, se era mesmo isso. Eu não conhecia esse sentimento. Era como se de repente eu não precisasse mais lutar contra o mundo sozinha... Sei lá, é como se uma parte de mim ficasse frágil e vulnerável, como uma garotinha indefesa. Ele tinha levado toda a minha força. Ela se derretia no brilho dos olhos castanhos dele, mas de nenhuma maneira isso era ruim.

Na quarta-feira saí com meu pai para testar os novos amortecedores do Lestat. E minha nossa, fez toda a diferença. Ele parecia tão firme, e seguro. Até os barulhos diminuíram. Ele estava tão gostoso de andar. Parecia até carro novo. E a noite, agradeci mais uma centena de vezes pelo presente, contando tudo para ele.

Meu pai me disse que a Manu estava confirmando uma corrida para o fim de semana, ele ainda não tinha informações. Mas me tranquilizou dizendo que já tinha um plano para isso. Eu ri. Mal podia esperar...

Na quinta á noite, eu estava conversando com o Léo pelo Skype, como todas as noites, quando ouvi a voz estridente da Mandy me chamando no portão. Eu ri, e me despedi dele rápido para correr até a janela.

- Ei... O que foi? - perguntei rindo.

Ela cruzou os braços emburrada, e começou a bater um pé no chão de impaciência.

- O que foi? Você me diz com essa cara deslavada... O que foi? - ficou ainda mais emburrada.

Eu ri. - Entra aí.

Ela passou pelo portão, e a puxei para o meu quarto, só dei tempo de ela e cumprimentar minha tia e meu pai.

- Por que você não me responde mais? - esbravejou ela assim que fechei a porta.

Franzi a testa para ela. - Como assim, eu não te respondo?

- Você ficou de me contar os babados, lembra?

Eu ri. - Nossa, Mandy, calma, eu nem me situei ainda. E minha vida não é babado não...

- Tá, me conta tudo! - Ela se sentou na minha cama, se arrumando para ouvir.

Contei toda a historia da chácara, os passeios antes, o pedido, ou melhor, a exigência de namoro. Ela riu, ouvindo tudo com olhos brilhando.

- Eu sabia, Elise, o jeito que ele olhava para você... Aquele dia no shopping mesmo...

Fiz careta para ela. - Mandy, ele estava te cantando aquele dia...

Ela fez cara de surpresa, uma surpresa muito da falsa, por sinal. - Claro que não, Elise.

- Para vai, você não é tão tapada assim... E ele mesmo me disse depois que você foi embora, que você era gostosa, e tals. - Revirei os olhos. Com certeza ela estava se fazendo de besta, mas eu conhecia o Léo muito bem.

Ela arregalou os olhos. - Meu Deus, Elise... Esse cara é um psicopata. - Ela riu.

- É, mas agora é o meu psicopata. - Eu ri.

- Você tá feliz mesmo, né?- Sorriu para mim.

- Como nunca achei que ficaria, Mandy. O Léo é tudo que eu já gostava nele, e agora... Tão carinhoso... Eu tô completamente apaixonada por ele...

- Ai, Elise. Eu tô tão feliz por você. Você merece ter alguém assim. Que te ame, e te proteja. Que cuide de você...

- Ele é tudo isso... - Ri feito boba.

- E me conta, qual foi o presente maravilhoso que você ganhou? Sua tia me disse que você ficou louca com o presente...

Eu ri. - Nossa, eu amei, ele me deu quatro amortecedores para o Lestat. Ele tá tão gostoso, agora. Eu adorei.

Ela fez careta para mim. - E o que diabo é isso?

- É uma peça. - Ergui a sobrancelha para ela. - É uma peça de carro, Mandy. Os amortecedores do Lestat estavam um lixo, e agora ele está muito mais estável e confortável.

- Ai Elise... Você é muito esquisita... - Fez careta.

- Talvez, mas se ele me desse qualquer outra coisa, eu não ia gostar tanto.

Ela revirou os olhos para mim. - Quando sua tia me contou, achei que fosse sei lá, um vestido, uma joia...

A encarei - Mandy, olha para a minha cara... Eu tenho cara de quem fica feliz por ganhar um vestido?

Ela inclinou a cabeça, e riu. - É, acho que não...

- Não mesmo! - Eu ri. - Eu veria como provocacao. E ele me conhece muito bem.

Ela olhou para o relógio. - Bom, tá na minha hora já, senão o outro lá fica com cara de bunda a noite inteira. - eu ri - Mas vê se não desaparece, tá? Não te vejo mais on em lugar nenhum.

Fiquei constrangida por ter que explicar - Eu tô evitando um pouco essas coisas, Mandy, as fãs do Léo não estão deixando a gente em paz.

- Ah, beijinho no ombro das recalcadas... - Ela riu.

- O que? - Que merda era essa? - O que isso quer dizer na minha língua?

Ela revirou os olhos. - Deixa eu ir, Elise. - Riu me abraçando.

A acompanhei até o portão, ela estava com o gol preto do Felipe, e saiu dirigindo rapidamente pela rua, ela não dizia, mas eu sabia o quanto era difícil ela ter dado aquela escapada para ir até minha casa, provavelmente o bendito nem sabia que ela tinha saído.

Entrei, e me sentei no sofá ao lado do meu pai. Ele me olhou animado.

- Falei com a Manu hoje... - Ele sorriu.

- E aí?

- A corrida é em Salto. É tipo amistoso. Vai ter todas as categorias, e gaiolas, motos e tudo mais.

- Legal, e qual o plano? - Me interessei.

Ele riu cerrando os olhos. - Ainda estou trabalhando nisso...

- Eu podia ir competir com o Lestat... Já que é amistoso... - Tentei a sorte.

Ele me olhou feio e respirou fundo.

-Nem a pau, Elise. Nem por cima do meu cadáver.

Fiz careta. - Tá. Vou deixar o plano com você então...

Ele assentiu ainda irritado com a minha ideia. Não tinha jeito mesmo, a chatice dele não tinha fim... Talvez em outra encarnação eu pudesse ser uma campeã de rally...

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora