31 Aproveitável

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Dormi, nem sei como. E acordei de bruços na cama, sozinha, e sem camiseta. O dia já estava claro, e me sentei na cama tentando acordar direito, agarrando o travesseiro.

Enquanto esfregava os olhos, a porta se abriu, Léo surgiu de lá com a caixa de pizza da noite anterior, e só com a bermuda azul pós banho.

- Oi, que bom que já acordou. Quer pizza fria? – Ele sorriu

Aceitei, tentando arrumar o cabelo.

Ele colocou a caixa na cama, e se inclinou para me dar um beijo no rosto.

- Que horas são? – resmunguei.

- Sete e meia. – respondeu ele sorrindo.

- Nossa, que cedo. – choraminguei.

Ele riu da minha cara de sono. – Como você consegue acordar linda com esse cabelo desgrenhado, e essa cara amassada?

Franzi a testa, lutando para ficar com os olhos abertos. – Não sei, talvez você devesse procurar um oftalmologista. – resmunguei.

Ele revirou os olhos para mim.

- É sério Léo, é muito perigoso correr sem enxergar direito.

Ele me empurrou contra o travesseiro. – Cala a boca! A cega aqui é você! Vou te dar um espelho de presente. – Me deu um beijinho e saiu de cima de mim.

Fiz careta para ele, e mostrei a língua. Ele riu me dando um pedaço de pizza, e ficou me olhando comer com um sorriso bobo.

- Que foi? Você tá me irritando já, me olhando assim.

Ele riu da minha irritação.

- Só tô pensando... Você é tão branquinha, parece que nunca tomou sol. – ele riu.

- Tirando rosto e braços, o resto do meu corpo não vê sol desde... – respirei fundo – Desde meus oito anos... Antes disso eu fazia natação, mas depois eu...

- Eu imagino. – Sorriu tristemente. – Eu gosto da sua pele, você é muito linda.

Cocei a cabeça irritada. – Léo... Por favor, né? Amiga, gente boa, até o "bonequinha de olhos azuis" vai, mas linda, é um pouco demais, né?

- Ah, um dia ainda vou enfiar isso na sua cabeça! Odeio quando você começa falar isso.

- E eu odeio te ouvir dizer que eu sou linda. Se você soubesse a raiva que isso me dá.

Ele fechou a cara para mim.

- Elise, se você fosse feia, eu jamais ficaria com você. – ele desdenhou. - Você conhece os naipes de garotas que eu pegava antes de você.

Fiquei parada com a fatia de pizza na boca, e cerrei os olhos para ele. Ele não podia tá falando sério. Eu queria ter um carimbo escrito idiota, e carimbar na cara dele. Por que além de ridículo e machista, o que ele disse, foi o cúmulo da idiotice.

- Garotas que se empoleiravam em você por causa do seu carro e da sua fama, seu idiota. Esse é o tipo de garota que você pegava. Que davam pra você a noite inteira, pra ganhar uma voltinha no seu conversível esnobe!

Joguei o travesseiro de lado e me levantei, bufando de ódio. Como ele conseguiu acabar tão rápido com as lembranças deliciosas da noite anterior?

Ele me olhou confuso, arregalando os olhos, como se, se perguntasse o que ele havia dito de errado.

- Elise... – Ele se levantou. – Para com isso. Por que você entende tudo errado? Eu queria que você se visse pelos meus olhos, para entender o absurdo que você diz com essa história de não aceitar que eu te ache linda.

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora