34 Idiotice

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Jantamos e ficamos conversando ali, o restaurante se esvaziava devagar, enquanto ainda batíamos papo, eu tinha sentido falta daquilo.

Senti uma batida nas costas, e me virei, para ver o Tales me olhando com seus olhos cheios de lágrimas atrás de mim. Léo se arrumou do meu lado para olhá-lo também.

- Elise, posso falar com você? – Ele parecia estar bem perturbado.

Pensei um pouco, mas a possibilidade de ele falar asneira para mim era praticamente nula. Me apoiei no ombro do Léo, e me levantei, para ficar de frente para ele.

- O que você quer, Tales? – falei séria.

Ele baixou os olhos, e me abraçou, tão rápido que nem pude fazer nada. Fiquei parada, imóvel como uma estátua. Não dava para entender qual era a dele.

- Me desculpe por tudo, Elise, me perdoe. Eu sinto muito mesmo. – Ele chorava no meu pescoço.

- Tales. – Tentei afastá-lo. – Tudo bem...

-Elise me perdoe, mesmo. Eu não soube lidar com o que eu sentia por você. Eu só queria ficar com você, e... E você acabou com o Léo...

Léo se levantou, e parecia uma sombra pairando ao meu lado. Ele me segurou, afastando Tales de mim.

Apesar disso, Tales não se abalou, continuou me olhando daquele jeito que eu detestava. – Eu sinto muito pelo que aconteceu com seu irmão... Ele era um cara muito gente boa. Ainda bem que você tem o Léo agora. – Pude sentir a amargura dele enquanto  falava.

Fiquei olhando sem entender nada. O que ele estava tentando dizer? Por que estava me pedindo perdão? Que se foda, já passou, já era... Para todos os efeitos eu estava começando agora. E o que veio antes não importava mais. E me lembrar da sensação maravilhosa de chutar o saco dele e quebrar seu nariz já era como se estivéssemos quites.

- Tales, esquece tá? Tá tudo certo, não importa mais...

- Ainda bem que você ficou com o lugar dele, Elise...

Me irritei olhando para ele. – Eu não fiquei com o lugar dele, Tales, ninguém nunca vai ocupar o lugar dele. Eu estou no meu lugar, e ele vai estar comigo, sempre.

Ele sorriu, limpando o rosto.

- Eu te desejo boa sorte. De verdade. Você é uma garota muito especial... – Ele olhou para o Léo. - Juro que não vou mais incomodar vocês...

- Que ótimo! – Léo resmungou.

Ele apertou os lábios, e se afastou de nós.

Léo me segurou pelos ombros, me olhando. – Você tá bem?

Assenti confusa. – Não entendi nada...

Ele me abraçou. – Ele estava tentando te dizer... Que te provocava porque gosta de você...

Léo pareceu sofrer me explicando aquilo. E não fazia o menor sentido.

- Claro que não, Léo. Esse cara é um babaca...

- Igual eu era. – Completou, tristemente.

Arregalei os olhos para ele. Podia fazer sentido nesse ângulo. Mas o que não fazia nenhum sentido era, esses dois... Esses dois caras estupidamente bonitos perderem seu tempo comigo.

- Nada a ver, Léo, cala a boca vai. – dei de ombros, e me sentei novamente.

- Acho que vou subir, tô pregado. Você vai fica aí mais um pouco? – Ele me olhou ainda em pé.

Fiquei na dúvida, e olhei para Gabi, eu ainda queria conversar um pouco mais com ela, queria mostrar as coisas, e os bastidores das corridas para ela.

- Tá, eu já vou subir, Léo. – Quase sussurrei.

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora