Saímos de casa por volta das dez e meia, o bar não era longe da casa dele, e era um lugar bem legal, parecia um barracão antigo, e no estacionamento, todos os carros eram ao estilo Mercedes SLK. Carros esnobes.
Dentro do bar, a iluminação era fraca, leds brancos rodeavam o lugar e as luzes mais fortes vinham do palco já preparado para o show.
No canto direito, haviam aquelas mesinhas estilo anos 50, onde algumas pessoas estavam sentadas com suas porções, e bebidas.
O bar estava bem cheio, e parecia um paraíso, tantas pessoas reunidas, com roupas legais conversando animadamente sem estar tocando sertanejo, pagode ou funk... Parecia que eu tinha morrido, e aquele era o céu.
Léo ficou me olhando enquanto eu estudava o lugar, fascinada. Ele parou atrás de mim me envolvendo com os braços.
- E aí? Gostando? – falou no meu ouvido.
- Adorando. – respondi com um sorriso bobo.
- Onde você quer ficar?
Me virei para ele sorrindo. - Perto do palco.
– Eu já desconfiava. – Ele riu me puxando pela mão para ficarmos a uns dois metros do palco encostados num balcão.
Fiquei ali, enquanto ele foi até o bar pegar algumas bebidas, e não tirei os olhos dele enquanto ele se afastava. Ele cumprimentou o cara que o atendeu, e enquanto esperava ele voltar com o pedido, vi um braço passar pelas costas dele, me ergui na ponta dos pés para conseguir ver melhor do outro lado do bar.
Respirei fundo quando reconheci a tal Pri. Que droga. Essa garota tinha mesmo que estar aqui? Claro que tinha.
Ele se afastou dela, e até meu coração sorriu.
Ela insistiu, dessa vez, colocando a mão no ombro dele. Ele olhou na minha direção, afastou a mão dela outra vez e mesmo a certa distancia vi sua mandíbula se contrair. Desviei o olhar, me voltando para o palco, onde a banda já tomava lugar.
O vocalista dava boa noite ao publico, e iniciava o show com "Blood Brothers". Ele parou ao meu lado, me entregou a coca, e não disse nada, continuou olhando para o palco.
Abri a lata, e tomei um grande gole, me esfriando por dentro. E me concentrei no show. Maravilhoso, era tão diferente ouvir os instrumentos assim tão perto de mim, a bateria pulsava dentro do meu peito. E os solos de guitarra me enfeitiçavam de um jeito que eu não queria deixar de prestar atenção na música para dizer nada.
Rapidamente fomos cercados de pessoas que se espremiam em frente ao palco, eu adorei, e a segunda música começou com um coro a minha volta de Hallowed Be thy Name e eu cantava junto a plenos pulmões adorando pular no meio de todas aquelas pessoas. Sentindo a música no fundo da alma.
Depois de sete músicas, a banda anunciou uma pausa de vinte minutos, eu peguei minha coca que já estava quente, e tomei o resto. Suada e ofegante de tanto pular, fiquei de frente para ele, e sorri.
- Por que tá com essa cara? – perguntei, percebendo que ele estava chateado. – Ela te falou mais merda?
Ele fechou os olhos, e passou a mão pela minha cintura, me puxando para ele. – Sempre, né...
- E você vai deixar essazinha estragar a noite? – passei os braços ao redor dele.
- Não... – Ele me olhou surpreso - Achei que você tinha ficado brava...
Olhei para ele, ele não tinha culpa de ela estar aqui. E por que eu ficaria brava? Ele estava comigo, não com ela. - Léo se toca. Tô nem aí para essa garota...
Ele sorriu, me olhando confuso.
- Mas eu pensei...
Dei um beijo nele. – Fica de boa, tá? Eu tô bem. Tô mais que vacinada contra essas coisas. É claro que não é agradável de ver. Mas sendo você quem é, eu tenho que lidar com isso.
- Como assim? Sendo quem eu sou? – Ele ficou tenso.
- As garotas não estão levando você a sério quanto ao nosso namoro, Léo, todas elas acham que é só chegarem que vão tirar você de mim... – Sorri. – Deixa elas pensarem o que quiserem, tá?
Ele arregalou os olhos para mim. – Ás vezes eu acho que já te amo ao limite... Aí você vem, e me diz uma coisa dessas... Elise, você existe mesmo?
- Não sei. Pode ser que você esteja sonhando, e eu esteja quebrando a cara daquela vagaba agora mesmo. – brinquei.
Ele me apertou contra ele, e me beijou passeando sua língua quente pela minha boca fria, chupando meu lábio inferior, mordiscado minha boca enquanto eu me agarrava a seu pescoço. E a banda recomeçou o show com Fear Of The Dark, continuei agarrada a ele enquanto cantávamos de olhos fechados, e ríamos um do outro. Para depois começarmos a pular outra vez com a música.
Noite mágica, essa foi a minha descrição.
***
Chegamos na casa dele quase quatro da manhã, entramos tentando não fazer tanto barulho para não acordar a Fatinha, e subimos para o quarto. Me sentei na cama, exausta, tirando os coturnos. Me virei, e ele estava jogado na cama atrás de mim.
Engatinhei até ele na cama enorme e beijei seus lábios, ele abriu os olhos passando a mão pela minha cintura.
Com um movimento, me virou com as costas na cama e ficou em cima de mim, me beijando. Depois se afastou um pouco afagando meu rosto, e apertou os olhos fazendo a cara de dor costumeira.
Será que era tão ruim assim? Ele parecia sofrer tanto.
- Elise... – Sussurrou ainda de olhos fechados.
Assenti pra ele, puxando a gola de sua camisa para voltar a beijá-lo.
Coloquei minhas mãos por baixo de sua camisa acariciando suas costas.
- Elise, você não tá jogando limpo... – Ele ofegou, se afastando de mim outra vez.
- Léo... Por favor... – sussurrei e o empurrei de costas na cama, deitei em seu peito o beijando outra vez.
Suas mãos soltaram minha cabeça, e desceram pelas minhas costas, abri os olhos para olhar para o rosto dele. Para dizer a mim, que era mesmo ele ali, que aquele toque era dele, e que a sensação era boa.
Seus olhos encaravam os meus, e sua mão desceu até minha coxa. Fechei os olhos apertando seu peito. Aquele vestido me deixou mesmo vagaba.
Sem esforço nenhum ele passou a mão por baixo do tecido, acariciando minha pele, e subindo de volta as minhas costas. Ele parou seus dedos sobre a cicatriz perto das costelas, depois afastou a mão de mim.
- Eu não posso, Elise... – sussurrou segurando meu rosto. Seus olhos eram tristes como na noite em que eu contei tudo para ele. – Não acho que esteja pronta pra isso. Eu não quero te machucar...
- Você não vai... Eu te juro que estou bem...
Ele virou a cabeça para o lado. – Eu não consigo, Elise...
Ele me empurrou gentilmente para o lado, e se levantou caminhando até o banheiro.
Por quê? Era essa a pergunta, por que ele não queria nem tentar? Ele sempre queria... Ou talvez ele sempre fizesse brincadeiras, por saber que eu não o deixaria fazer nada, e agora ficou perdido.
Dizer que fiquei feliz é hipocrisia. Minha cabeça não estava 100%, mas certamente ela nunca estaria. E depois disso... Talvez eu não soubesse mais nada mesmo.
Fiquei sentada na cama confusa, e ouvindo o banho do Alasca que ele tomava.
Puxei as cobertas e me virei para dormir no canto da cama, e estava tão cansada que nem o ouvi sair do banho.
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Elise (Repostando)
Teen FictionRespondona, grossa, encrenqueira que não leva desaforo para casa, e com ótimo gosto musical. Elise é a faz tudo de uma equipe de Rally. Viajando com seu pai, seu irmão e os caras da equipe desde os 14 anos, ela foi obrigada á se encaixar nesse meio...