7 Ameaça

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    A semana passou bem devagar, e aproveitei a deixa do meu pai a toa para pedir que ele me ajudasse com o Lestat. Ele relutou um pouco, mas resolveu dar uma olhada. Com um pouquinho de boa vontade ele achou rapidinho a fonte do vazamento, e não sei que anjo tocou o coração dele, mas ele me chamou para ir na loja de peças usadas para finalmente consertar meu filhotinho.

A peça custava R$134, 90, para mim, uma fortuna, mas ele não reclamou.

- Presente de natal, hein?. – riu ele, passando a mão na minha cabeça.

Eu ri. – Com a mão de obra inclusa? – perguntei fazendo cara de anjo para ele.

Ele fungou pra mim. – Claro, né, você vai fazer o que com isso? Colocar de enfeite no seu quarto? – brincou.

***

Ele levou três horas para fazer o reparo, e não pude deixar de pensar nos longos meses sofrendo com uma coisa que ele levou três miseras horas para arrumar. Caramba, ele podia ter feito antes.

Coloquei Lestat na rua, e lhe dei um banho merecido. Passei a cera verde escura para tentar maquiar os descascados na pintura, e ele ficou quase bonito. Não era um galã como o nome dele sugeria, mas estava muito mais apresentável. Um feio arrumadinho, como dizia minha tia.

Estava me coçando de vontade de ir para a terra com ele, mas com meu pai ali não ia rolar.

Na sexta depois do almoço, Du apareceu em casa, estava meio pra baixo porque tinha discutido com a Gabriela. Revirei os olhos quando ele começou a contar sobre a briga ridícula por causa de uma TV nova. Eles eram tão tontos, não sabia porque raios se casaram.

- E você? Aproveitou o fim de semana de molho? – disse tocando uma das cicatrizes na minha cara.

- Um pouco. - dei de ombros.

Ele sorriu e cerrou os olhos para mim. – Pode parar de teatrinho... Léo me contou que veio correr com você.

Arregalei os olhos.- Mas que merda de linguarudo! – fiquei morrendo de vergonha. O que será que ele disse?

Ele riu. – Sabe que se o pai souber, ele arranca seu couro, né?

- Eu sei, por isso mesmo ele não vai saber! – Quase o ameacei.

- Mas e aí, você gostou?

Me sentei mais perto dele. – Se eu gostei? Tô sonhando com isso até agora, Du! O Galak é... Incrível. – Tentei falar baixo.

- Só o Galak, é? – Ele me olhou com cara de sem vergonha.

- Du, não viaja na maionese... O Léo é meu amigo, e ele só veio porquê estava com a consciência pesada por causa da briga. Tenho certeza. Não sei de onde ele tirou que foi culpa dele.

- Hum... Sei. – Olhou para fora da porta me ignorando.

- Ah, para de graça! Quer ir comigo para os Pires? – Convidei esperançosa.

- Hoje? – Arregalou os olhos.

- Agora! – fiquei de pé.

- Mas o Afonso tá...

- Não, vamos com o Lestat, o pai arrumou. – sorri quase implorando.

Ele fez careta. – Não sei não, Elise.

- Por favor... – Implorei juntando as mãos, fazendo minha melhor cara de gatinho.

Ele bufou revirando os olhos e se levantou. Pulei no pescoço dele, agradecendo, tentando não fazer barulho.

Fui até a cozinha, meu pai estava mexendo em alguns papéis, super concentrado.

Cheguei perto tentando esconder minha euforia. - Pai, vou dar uma volta com o Du no Lestat, tá?

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora