42 Confessando

415 69 84
                                    

Acordei às nove da manhã, dolorida e muito, muito feliz, eu nunca havia imaginado tudo aquilo, daquela forma. E tudo o que poderia sentir.

Ele estava dormindo do meu lado, coberto com o edredom, e mais nada, eu me aconcheguei no peito dele. Me sentindo a garota mais feliz do mundo.

- Bom dia amor da minha vida. – sussurrou.

- Bom dia, Léo. – Sorri envergonhada.

Ele puxou meu rosto para me dar um beijo. – Dormiu bem?

- Ótima. – Sorri. - Mas tô toda dolorida.

Ele sorriu respirando fundo - Vem cá. – Ele me apertou. – Você é uma garota muito especial mesmo, minha gordinha. É a garota mais corajosa que eu conheço... Me desculpe, por...

Eu ri. –– Esse medo não podia me dominar pra sempre. E você é especial, Léo. Eu sei que foi difícil para você também. – Me lembrei da cara de dor dele, preocupado comigo, e como ele me deixou no controle para que eu me acostumasse com tudo.

- Eu quis desistir, Elise, você estava sentindo tanta dor... Eu tive pavor de te machucar.

- Eu sei, mas eu sabia que ia passar, um dos médicos me explicou que eu sou um pouco diferente agora... Depois de... – Eu não sabia bem, nem lembrava exatamente o que aconteceu comigo. Eu só sabia que eu não era como as outras garotas de algum modo. Minha tia nunca teve muita coragem para me falar desses assuntos, e até o Léo, eu nem queria saber.

Ele fechou os olhos. – Eu não vou deixar nada acontecer com você, Elise. Eu vou cuidar de você para sempre... Não vou deixar ninguém machucar você, nunca mais.

- Nada vai me acontecer, Léo, não seja bobo. Eu tô aqui com você. E isso é tudo que eu poderia querer.

Ele respirou fundo. – Elise, eu quero falar sobre uma coisa... – Ele fechou os olhos. – Eu tenho que falar...

- O que, Léo? – Me assustei. O que ele precisava tanto me dizer?

- Eu quero te contar sobre as coisas que eu fazia, e...

O interrompi. Eu não queria saber de nada disso. - Léo, você não precisa me contar nada. Se eu mesma não fosse tão louca, eu nunca teria contado sobre mim pra você...

- Pra você, nada do meu passado importa? – Ele sussurrou.

Me virei para ele, confusa. - Por que deveria?

- Elise, se você acha que me conhece, por passar os fins de semana comigo, eu sinto te informar que eu era dez vezes pior durante a semana. As corridas eram meu trabalho, e por isso eu pegava leve... – Ele me estudava enquanto falava.

Eu nem era capaz de imaginar dez vezes pior do que nos fins de semana. O que ele queria dizer?

- Como assim? – perguntei meio distraída, o encarando.

- Você é tão inocente, que me deixa constrangido. – Ele riu – Lembra do meu aniversário? -  fiz que sim com a cabeça. – Aquelas vinte garotas, eram bem frequentes na minha casa. Elise, eu não fazia outra coisa da vida, a não ser, ser um pervertido de merda. Eu fui morar sozinho por isso. E como você pôde presenciar, nunca tive o mínimo cuidado, ou respeito por ninguém.

Eu já sabia de tudo isso... O que isso importava agora?

- Eu não tô entendo aonde você quer chegar com isso, Léo.

- Eu só quero te explicar porque eu ajo com você desse jeito... Porque eu me preocupo com você. Eu lembro muito bem de quando te conheci. Com 14 anos, espinhenta, desajeitada, e agarrada no Du. Com suas roupas masculinas, sua língua afiada, e seus brilhantes olhos azuis. – Sorri envergonhada pela descrição perfeita de mim. – Você era muito chata, e briguenta, e te provocar era o hobby de todo mundo da equipe. Você cresceu, e pra mim não mudou nada... Exceto pelo fato de você começar a me dar ordens, e eu inexplicavelmente acatar algumas delas. Elise, suas broncas surtiam efeito em mim. – Ele riu.

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora