10 Morretes

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Finalmente era dia de viajar, era quarta de madrugada e estávamos partindo para Morretes. Última prova do ano, e minha favorita.

Chegamos perto do almoço. A cidade ficava com um clima ótimo, e qualquer um com uma camisa de equipe virava uma pessoa importante. Du e Regi andavam com seus macacões amarrados a cintura, e isso fazia deles, quase celebridades.

Depois de nos instalarmos no hotel, eles foram para o restaurante e fiquei terminando de arrumar minhas coisas, em viagens longas eu levava todo o meu aparato, Notebook, carregadores, e uma pilha de planilhas para estudar.

Estava tudo perfeito, mas quando entrei no restaurante, percebi um murmurinho, achei que fosse coisa da minha cabeça, e ignorei indo direto para a mesa onde meu pai estava.

Me sentei com eles, Nildo me deu um sorriso terno, e Mário e Vini me olharam envergonhados. Tá, eu é que deveria estar com vergonha, já que tinha visto os dois em cenas... Bom, que eu não deveria ver.

Levantei para ir fazer um prato, e parei na fila atrás do Carlão.

- Ei. – O abracei - Tudo bem, Carlão?

- Oi menina. – Ele sorriu. – Tô bem, e você como anda? Já se recuperou do MMA?

Eu ri. – Ah já, tô pronta pra outra. – brinquei.

Conversamos um pouco enquanto nos servíamos, me despedi dele para voltar a minha mesa, mas o Tales apareceu bem na minha frente.

- O que você quer, Tales? – bufei, ele acabou com o meu bom humor instantaneamente.

Ele me lançou um olhar maligno.

- Fiquei sabendo do surubão da casa do Léo. – falou alto demais.

Fechei mais a cara. - Cala essa boca idiota, e me deixa passar!

- Você devia ter ficado comigo, aposto que não ia doer tanto...

Fiquei ofegante de raiva. - Do que você tá falando? – cerrei os olhos para ele, esperando para ver se ele teria coragem de me irritar ainda mais.

- Ué, Elise, todo mundo sabe que você deu pra todo mundo lá. – falou alto outra vez.

Fiquei em choque, e tive que me segurar para não demonstrar isso.

Eu ri. – É sério, Tales? Vai dar uma de vingativo agora? Só por causa de um soco na cara? – brinquei desdenhando, e inclinando a cabeça para falar com ele como quem fala com um bebê.

Ele me ignorou e continuou. – Ah, Elise, eu sabia que você era chegada nessas coisas, mas para todos os caras? Que vadiazinha gulosa é você...

Meu sangue ferveu, e  coloquei o prato em cima da mesa mais próxima para voltar a encará-lo.

- Você precisa mesmo ficar inventando mentiras sobre mim para se sentir melhor? Só porque eu te bati depois de você tentar me agarrar? Vai em frente, eu não dou a mínima... Mas se quiser resolver isso como homem, você sabe onde me encontrar! – rosnei. –Idiota!

Ele ficou boquiaberto, e dei uma piscadinha para ele, pegando meu prato de volta da mesa, e voltando para meu pai.

Quando me sentei, toda a minha pose se derreteu, apoiei a cabeça nas mãos, e nem consegui olhar mais para a comida.

Surubão? Que cretino de uma figa. Se ele saísse espalhando isso por aí eu estaria ferrada. Que droga! Eu não podia me envolver em outra confusão... O careca deixou bem claro que eu não viajaria mais se isso acontecesse. Eu prometi a mim mesma que ficaria na minha. Eu nem tinha visto o Léo. Mas não adiantou nada, esse filho da puta queria me irritar de verdade.

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora