19 Cicatrizes

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Era por volta das seis quando Léo entrou no quarto, vestindo metade do macacão verde, e camiseta branca, tirei os fones, e olhei para ele.

Nossa que visão mais... Perfeita?

- O que você tá fazendo aqui, gordinha? – disse se agachando na minha frente.

- Esperando você. – Sorri meigamente para ele.

- Alguém aprontou alguma coisa? – Ele estava sério, quase irritado.

Balancei a cabeça negativamente. – Não, eu só estava cansada mesmo. – De jeito nenhum eu ia ficar reclamando para ele do careca, e muito menos ia perguntar sobre o que o Tales me disse.

Ele me estudou por um segundo, e fiquei olhando para ele e sorrindo.

- Do que você tá rindo? – Ele fez cara de bobo para mim.

- Só tô reparando... Agora que você é meu namorado... Que você fica bem gostosinho nesse macacão. – Cerrei os olhos para ele, e sorri mais ainda.

Ele inclinou a cabeça, e eu sabia que isso tinha pego ele de surpresa. Ele ficou sem fala, e fez uma cara quase de dor.

- É melhor você sair de perto de mim agora, se não quiser que eu te jogue nessa cama... – Ele falou com os olhos fechados, parecia lutar contra si mesmo, e até que era engraçado.

Segurei o rosto dele e o puxei para mim, ele se ajoelhou para pegar minha cintura, e me beijar. – Eu não vou a lugar nenhum. E você não vai fazer nada... – Eu ri dando beijinhos no canto de sua boca. – Porque você quer continuar com seus dentes perfeitos na boca.

Ele se jogou de costas no chão, e me puxou para cima dele, rindo. – Ah gordinha, que covardia... – reclamou ele. – Você não pode falar uma coisa dessas pra mim.

Coloquei o queixo em seu peito, e fiquei olhando para ele. Tentando imaginar em que mundo estranho eu estava. Que mundo sem pé nem cabeça. Onde eu e o Léo, dois moleques irresponsáveis, éramos um casal.

- No que você tá pensando? – Ele me olhou curioso, como se tentasse me decifrar.

- Eu tô pensando que... Que eu acho que tô louca... Mas acho que amo mesmo você... – Superei.

Ele riu. – O que você estava escutando nesse fone? Música psicodélica? – Colocou uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. – Eu não esperava que você dissesse essas coisas...

- Eu sei. Eu não sou muito de gentilezas também, mas é que eu quero que você fique sabendo. – Sorri, e passei a mão pelo rosto dele em um carinho desajeitado.

Ele me puxou para mais perto, em cima dele, para me beijar, e  me entreguei em um beijo demorado que me tirou de órbita. Estava tão perdida na sensação gostosa que o beijo irradiava por todo o meu corpo que nem percebi a mão dele subindo pelas minhas costas por baixo da minha camiseta. Ele parou de repente, e abriu os olhos se afastando de mim.

E assim que abri meus olhos, senti um arrepio na espinha, sentindo a mão dele onde estava. Arregalei os olhos, saí de cima dele, e fiquei em pé, completamente desesperada.

Ele se sentou me olhando.

- O que é isso, Elise? – Ele me olhava com os olhos brilhando.

Não respondi só fui para o banheiro tentando me acalmar, já sentindo a falta de ar me sufocar, me apoiei na bancada da pia em frente ao espelho, lutando para não chorar. Como eu tinha me distraído a ponto de não perceber a mão dele...

- Elise... O que é isso? – A voz dele era baixa e contida. – Me diz...

- Léo, eu...

- Confia em mim, Elise... Por favor... – Ele me virou para ele colocando minha cabeça em seu peito. – Me deixa ver?

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora