50 Família

312 68 71
                                    

A notícia do pedido de casamento caiu como uma bomba, tanto do meu lado, quanto do dele. No meio da semana após o pedido, Léo aproveitou um jantar na casa dele para fazer o anúncio.

Ele parou a Mercedes em frente á casa da mãe dele. E me olhou sorridente.

- Ainda dá para desistir. – sussurrei para ele, me lembrando que ele me disse a mesma coisa quando estive lá pela primeira vez.

Ele sorriu, me beijou, e deu a volta no carro para abrir a minha porta.

- Pode esquecer. – Ele riu. – E eu tenho que gravar a cara de monstro do lago Ness, da Carol quando você entrar em casa com esse vestidinho. – Mordeu o lábio fazendo graça.

- Você não tem jeito, Leonardo! – fingi estar brava com ele.

Ele pegou a minha mão, e me levou para dentro da casa, todo aquele povo do almoço estava ali outra vez, mas dessa vez estavam todos vestidos. Assim que pisei na sala e disse um oi geral, morrendo de vergonha, nós nos viramos para a Carol. Ela realmente me encarava, e seu rosto desmanchava lentamente como Amoeba sendo esticada para baixo.

Léo tentou esconder o riso e encostou a testa na minha, e eu também lutava para segurar a risada.

A mãe dele como sempre estava sendo muito simpática, me perguntou se eu estava bem, umas duzentas vezes. Apesar de incômodo, o assunto geral do início do jantar foi o meu "acidente", um dos primos dele quis chegar mais perto pra ver a cicatriz no meu pescoço. Léo quase o fuzilou com os olhos quando ele quase encostou em mim para ver.

- É gata, você tem sete vidas mesmo! – Ele riu. E eu quase revirei os olhos.

- E se você não sair de perto agora, é bom você ter sete vidas! – Léo falou tentando manter o tom de brincadeira, mas eu sabia que ele não estava mesmo gostando daquilo.

Fomos para a mesa de jantar, e o assunto foi minha primeira corrida, aí sim eu me diverti. Quando o assunto me interessava eu não conseguia calar a boca. E me gabei do novo Lestat para eles.

Depois da sobremesa, Léo pediu para que eles continuassem na mesa, e todos se entreolharam confusos.

- Gente, eu queria comunicar a vocês que... – ele sorriu, e pegou minha mão – Que a Elise finalmente aceitou meu pedido de casamento. – sorriu.

E eu senti meu rosto queimar quando todo mundo ficou calado, e me encarando. A Carol ficou com a boca aberta, e seu rosto estava desfigurado.

A mãe dele se levantou, e correu para ele, e todos começaram a conversar sei lá o que, parecia que ele tinha dito algo absurdo.

- Léo. – a mãe dele falava derretida o abraçando. – Ah, meu filho, que bom. Eu fico imensamente feliz por vocês...

Ela se soltou dele, e me agarrou. – Muito obrigada, Elise... – ela quase chorava.

Por que ela estava me agradecendo? Parecia que o Léo era um encalhado... Eu quase ri, ouvindo aquilo.

- Imagina, dona Cecília. A senhora não tem que me agradecer por nada. Eu amo o Léo. – disse timidamente.

- Elise, há meses ele vem me dizendo que estava te pedindo em casamento. Você tinha que ver a cara dele, quando me dizia que você não aceitava de jeito nenhum... – Ela ria meio chorando.

- Eu nunca quis isso... – dei de ombros – Mas ele faz questão...

- Acredite, Elise... O Leonardo mudou completamente por sua causa. Eu nunca vou conseguir te recompensar por isso.

Balancei a cabeça negativamente, e vi os primos dele o agarrando, ele ria, realmente satisfeito com isso.

- Cecília, você não imagina como eu também mudei por ele. Eu que nunca vou conseguir agradecer tudo o que ele fez por mim. Ele me salvou...

E esse salvar, não era só pelo acidente com o Lestat... Ele me salvou de muitas maneiras diferentes.

Ela me deu um beijo demorado no rosto, e me soltou, para o pai dele me envolver com os braços.

- Elise... – Ele sorria feito bobo pra mim. – Eu quero que você seja muito feliz com o meu filho, querida... Que ele te faça muito feliz. E você sabe que se ele aprontar eu estou aqui para acabar com a raça dele, né? – ele riu.

- Ah ,Meu Deus, ele não vai aprontar nada, não. – Sorri constrangida, o pai dele realmente gostava de mim... – Eu confio nele, Roger. E eu o amo muito.

Me soltei dele, e ouvi a Carol resmungando no canto atrás de mim.

- Aposto que tá grávida... Que idiota se casaria com 20 anos? – ela esbravejava pra si mesma. – Não acredito...

Caminhei até lá, e dei um abraço nela. Ela se surpreendeu, e ficou parada feito estátua.

- Eu não estou grávida, Carol... Eu amo seu primo de verdade. – sussurrei, abraçada a ela. – Eu entendo você... Isso não é um jogo para mim. Eu sei o que você sente por ele. Eu sinto muito. Não me odeie, tá? – A soltei. E ela chorava.

Até eu me surpreendi com a minha maturidade. Mas eu sentia pena dela. Pelo menos, ela era mais bem resolvida que eu, que ficava dando patadas nele de ciúmes, e nem me tocava disso.

- Elise! – Léo me chamou sorrindo, fui até ele, para entrar no meu abraço preferido. – Nem esperem um casamento arrumadinho, tá? isso não é nossa cara, né?

- Que casamento o que? Eu quero saber da despedida de solteiro! – o primo dele esfregou as mãos.

Todo mundo se olhou, e depois se voltou para nós.

Léo riu – Foi mal, cara, mas despedida é para quem sente saudade, e eu não sinto nenhuma... Além disso, eu tive 28 anos de putaria para curtir... – Ele sorriu pra mim.

- E você, Elise? Eu quero uma despedida com gogoboys, por favor... – A tia dele implorava do outro lado da sala.

Olhei para o Léo, e ele engoliu seco. Eu podia até cogitar a ideia, só para irritá-lo. Mas eu também não tinha nenhuma vontade disso.

Balancei a cabeça negativamente – Não, na verdade eu não tenho do que me despedir... O Léo é tudo o que eu quero, e nunca teve nada na minha vida antes dele. – olhei no fundo dos olhos dele, e ele quase chorou. Enquanto eu ouvia o coro de "óóóó" á nossa volta. E depois eu já não ouvia mais nada...

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora