6 Visita e passeio

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  Passei a semana quase toda de molho, não estava a fim de desfilar meus cortes e arranhões por aí. E como eu não ia para a corrida no fim de semana, fiquei mais tranquila e comecei meus estudos para Morretes. Era uma prova bem legal, nas estradas sinuosas, pista mesmo, não na terra. Eu adorava, dava para acompanhar a prova toda.

Eu sabia que lá só o Galak se destacava, ele tinha mais preparação que os outros, e claro, um piloto que não tinha medo de acelerar.

Na sexta-feira de manhã, acordei cedo, e me despedi do meu pai na porta de casa, eu nem tinha perguntado onde era a prova para não ficar com lombrigas.

Dei um beijo nele, lhe desejei boa sorte, achei que eu estava bem com aquilo, mas quando vi o carro desaparecer na esquina, fui invadida por um vazio... Parecia até que todo meu ânimo tinha sido levado de uma vez só. Fiquei ali, meio perdida, sem saber o que fazer, e até pensei em perguntar para minha tia o que é que pessoas normais faziam nos fins de semana, mas quando ela começou a falar em visitar parentes, eu quase tive ânsia, resolvi voltar para o quarto e baixar mais músicas.

Com o tédio me perseguindo fui bater na casa do Lucas para bater um papo, ficamos horas conversando na calçada, como antigamente. Desde antes de eu morar ali, ele já era um bom amigo, desde que eu era apenas visita naquela casa.

- Vai fazer alguma coisa amanhã? – perguntei enquanto jogava bolinhas de gude contra as dele. – podia chamar seus primos para a gente jogar.

Ele fez uma cara meio decepcionada. - Vou para a casa da Milena. – disse ele, fazendo sua jogada.

- Milena? – fiquei confusa. Nunca ouvi falar.

Ele ficou me encarando. - Elise! Minha namorada, ! – falou irritado.

Arregalei os olhos, não fazia ideia do que ele estava falando.

Eu ri. – Ué, eu não sabia que cê tava namorando...

- Noss, - Balançou a cabeça negativamente. – Puta que pariu, já tô fazendo cinco meses de namoro.

Eu ri. – Tá, por que tá tão nervoso? Não lembrava...

Ué a namorada era dele, por que eu tinha obrigação de me lembrar?

- Eu te apresentei no casamento da sua prima... – Ele ergueu uma sobrancelha para mim.

- Caramba, então já faz cinco meses que a Day casou? – Pisquei incrédula. Parecia que, sei lá, mal tinha passado um mês.

- Elise... Cê tá com Alzheimer? Cê é muito distraída, velho. – Ficou nervoso, quase ofendido por eu não lembrar da fulana.

- Nossa, desculpa, eu tenho sempre muita coisa na cabeça, aí desligo todo o resto. Foi mal. – Me desculpei o mais sério que consegui, mas ele estava sendo muito ridículo.

- Sempre as corridas que você nem corre, né? – Aquele era o tipo de comentário que o Du classificaria como chute no saco. Se eu tivesse um saco, esse ia doer.

Fechei os olhos de raiva. Eu o tinha irritado, e agora ele estava me irritando.... Justo.

- Pois é, fazer o que, né? – Dei de ombros.

Ele me olhou por um tempo, depois não aguentou, e puxou meu braço.

- Tá, foi mal... É que esse seu jeito avoado... Nossa, me deixa louco. Parece que a gente gasta saliva a toa falando com você. –  Justificou, e ri para ele.

- Minha tia que o diga. – Ele caiu na gargalhada. – Ah, vou entrar lá, se estiver de bobeira, chama aí. – Estendi a mão para ele para que me ajudasse a recolher minhas bolinhas e levantar.

Elise (Repostando)Onde histórias criam vida. Descubra agora