Uma semana depois, no sábado, Léo chegou por volta das duas da tarde na minha casa, e me intimou a ir para a casa dele. Arrumei minha mochila, e passei por meu pai na sala, que estava com seu olhar perdido como sempre.
Eu disse tchau, e ele nem se moveu, dei um beijo em sua testa, mas ele não esboçou reação alguma. Léo ficou olhando para ele. Muito mais magro, e abatido. Era tão difícil vê-lo daquele jeito. Eu me sentia horrível por ele. Ele que sempre foi tão forte, estava destruído, mergulhado em dor... Queria poder dizer algo que o tirasse desse sentimento, mas eu não sabia como fazer isso. Comigo, sei que o próprio Du conseguiu me reerguer. Me lembrando das conversas com ele. E de como ele tinha me dito que queria deixar as corridas... como ele morreu sem conseguir fazer isso. Talvez por isso meu pai estivesse sofrendo tanto, por saber que o Du estava fazendo algo que não era o sonho dele.
***
Chegamos a casa do Léo, e fiquei assustada ao ver o Fusion parado na calçada em frente a casa dele.
Quase o trucidei com o olhar. Era uma armadilha, o que o Ivan queria ali?
- Calma, tá? – Ele tentou me tranquilizar antes de me deixar descer do carro – Escuta o que ele tem a dizer...
Assenti para ele, irritada.
Passamos pelo Galak, e não entramos na casa, ele me levou para o rancho perto da piscina. Ivan estava sentado a mesa com um monte de papéis espalhados. Caminhamos até ele, e fiquei o encarando, tentando entender o que ele queria comigo.
- Como vai, Elise? – Ele usou um tom amigável que eu nunca tinha ouvido.
Léo me conduziu até o banco, para me sentar na frente dele.
- Indo. – respondi desconfiada. – O que você quer comigo?
Ele riu. – Sempre direta, não é?
Léo riu do meu lado, concordando.
- Elise, eu quero que você volte para a equipe...
Eu ri o interrompendo. – O que? Voltar para a equipe? Cê tá brincado, né? Foi mal, mas não tô a fim de ser faz tudo outra vez não... E também não quero que você tenha dó de mim por causa do Du. – fiquei irritada.
Ele ergueu a sobrancelha para mim, meio que perguntando se ele podia continuar.
- Leonardo me disse que você estava correndo, e me disse que você tem potencial. Mas não tem carro...
Olhei feio para o Léo. Como assim eu não tenho carro?
- Você sabe, Elise, que nossas contas não estão numa situação muito boa...
- Eu sei. E sem o Du, você vai perder muito... – falei com raiva.
- É sobre isso que eu quero falar com você, o Vinicius está se desligando da equipe até o fim do mês. Ele está indo para o Canadá estudar... – fiquei olhando para ele sem entender. – Enfim, eu gostaria muito que você ficasse no lugar dele.
Pisquei tentando assimilar a ideia. Por que diabos ele estava fazendo isso? Onde ele queria chegar com aquilo?
- Você ainda tem o Fábio. – falei séria.
- Sim, ainda temos ele. – concordou calmamente.
- Então? Qual a pegadinha aqui, Ivan? – Cerrei os olhos para ele.
- Nenhuma... A morte do seu irmão me doeu muito, Elise, e eu vou ter que fazer um sacrifício enorme para voltar as competições depois de tudo o que aconteceu... Eu quero que você navegue com o Léo.
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Elise (Repostando)
Teen FictionRespondona, grossa, encrenqueira que não leva desaforo para casa, e com ótimo gosto musical. Elise é a faz tudo de uma equipe de Rally. Viajando com seu pai, seu irmão e os caras da equipe desde os 14 anos, ela foi obrigada á se encaixar nesse meio...