Respirei fundo, coloquei minha mochila nas costas e entrei, passei pela porta, ele agarrou minha mochila me puxando para trás, me colocando contra a parede. Entendi na hora o que ele estava tentando fazer.
Ele me encarou, me beijou, e aceitei o beijo, passei os braços por seu pescoço, e ele se afastou de mim, me olhando curioso.
Tirei minha mochila das costas sorrindo para ele, a soltei no chão, agarrei a gola de sua camiseta e o puxei para mim outra vez, sentindo minhas costas contra a parede, e não sentindo nada daquela sensação horrorosa de antes.
O soltei, e ele estava com uma cara de idiota me olhando, sorri de lado, provando minha teoria.
- Como você... – Ele ficou meio atordoado – Isso não incomoda mais? – seu rosto era um misto de animação e surpresa. – Desde quando?
- Desde que você me encostou no Galak antes da corrida. Eu não senti nada. Eu consigo te ver, Léo... – Coloquei a cabeça no peito dele, e passei os braços ao seu redor. – Meu corpo se acostumou com o seu. Eu sinto seu cheiro... De alguma forma, eu sei que é você!
Ele levantou meu rosto para que eu olhasse para ele, e seus olhos estavam cheios de lágrimas.
- Ah, Elise. – Suspirou sorrindo. – Não sabe como eu fico feliz com isso...
- Eu te amo, seu idiota! E você tá realmente me curando.
- Nem ganhar um mundial me deixaria tão feliz quanto eu tô agora... Sério, minha vida de merda finalmente serviu para alguma coisa, Elise.
Eu ri. – Tonto. Sua vida não é de merda. E eu nunca imaginei que logo você conseguiria isso...
Ele me abraçou me apertando tão forte, que senti a urgência daquele abraço.
****
Ele me disse que o show seria ás 11, descemos algumas horas antes e nos esparramamos no sofá, comendo salgadinhos, jogando Street Fighter, e eu literalmente estava levando uma surra.
Jantamos bife com batata frita da Fatinha, que estava uma delicia, e eu me lembrei de devolver a blusa da filha dela, agradecendo mais um milhão de vezes.
Pouco depois já era hora de a gente se arrumar para o show, e eu ainda não tinha decidido se iria com o vestido ou não, eu não sabia o que fazer, estava com medo de ele me achar ridícula, eu não sabia andar com aquilo, nem "sentar como mocinha" como dizia minha tia, estava morrendo de medo de pagar mico, mas imaginei que sendo um show, talvez a gente ficasse em pé. Mas também podiam ter amigos dele lá...
Ele parou me encarando, acho que percebendo que eu estava longe. – No que você tanto pensa hei? Já não te falei pra deixar esse negócio comigo?
Fiz careta para ele. – Tô pensando no show... Como é lá?
Ele riu. – Ah sei lá, normal, sabe, palco, pessoas, luzes...
Ergui a sobrancelhas – E você conhece bastante gente lá?
Ele se aproximou de mim, me olhando bem de perto – Não tô entendendo, Elise...
- Eu queria tentar uma coisa... – estava constrangida só em falar. Fazer então...
- O que? – ficou curioso.
- Promete pra mim que você não vai rir?
Ele ficou ainda mais intrigado. – Prometo.
Sorri pra ele. – Tá, eu vou tentar então. - dei de ombros e olhei no relógio eram 9 e meia. Dei um beijo nele e subi para tomar banho, levei minha mochila para o banheiro, que tinha tudo que eu precisava. Prendi o cabelo, tomei meu banho deixando a água quente aliviar a tensão das minhas costas, e lembrando do que a Gabi havia me dito "quando você usar, ele vai gostar". Tomara.

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Elise (Repostando)
Fiksi RemajaRespondona, grossa, encrenqueira que não leva desaforo para casa, e com ótimo gosto musical. Elise é a faz tudo de uma equipe de Rally. Viajando com seu pai, seu irmão e os caras da equipe desde os 14 anos, ela foi obrigada á se encaixar nesse meio...