Sonhos bizarros. Sons irritantes, e dor em todo o meu corpo. Esse foi o resumo da noite que passei ali. E quando abri os olhos, dei de cara com Léo me olhando. Levei um susto, e cobri o rosto com as mãos.
- Cacete, Léo! – resmunguei – Precisa ficar com a cara tão perto!?
Ele riu, e me sentei no sofá esfregando os olhos.
- Por que dormiu aqui? Tinha um quarto para você lá em cima. – Ele arqueou as sobrancelhas.
- Nem sabia. E achei melhor não subir porque né... – Me espreguicei, acho que eu nem tinha que explicar.
Ele riu, e balançou a cabeça negativamente.
- Dormiu bem, pelo menos? – falou se sentando do meu lado, com cara de cachorro que caiu da mudança.
- Pior que não. Tive um puta monte de pesadelos. – Dei de ombros esticando as costas.
Fazia tanto tempo que eu não tinha uma noite tão ruim... Talvez fosse a cerveja e a conversa com Nildo.
- Pesadelos? – Ele pareceu intrigado. – Com um tal de Julio?
Estremeci, e senti meu rosto formigar perdendo a cor. –Na-não... De onde você tirou isso?
- Sei lá, você tava resmungando aí.
Ri de nervoso. - Nada a ver. Acho que você que entendeu isso... Não conheço ninguém com esse nome não. – Engoli em seco.
Ele ficou me olhando, decidindo se continuava no assunto ou não.
- Que horas são? – perguntei para distrai-lo.
Ele olhou para a parede atrás de mim. – São oito e meia.
- Nossa, acordou cedo hein? – Sorri constrangida. Mas á julgar pela hora em que fomos dormir era bem cedo mesmo.
- Nem dormi, gordinha... – respirou fundo.
O estudei por um tempo. – A tal Pri não deixou você dormir? – brinquei.
- Isso também... – admitiu e me lançou um sorriso meio sem graça. – Mas eu estava pensando na merda que o Tales fez...
- Ah, Léo esquece isso. – desdenhei – Ele é ridículo.
Ele me encarou por um instante.
- É, mas sei lá... Acho que ele me abriu os olhos para uma coisa...
Meu coração disparou. Será que ele estava pensando como o Nildo? E que era mesmo melhor eu me afastar das corridas? Se fosse isso eu estaria perdida.
- O que, Léo? – perguntei receosa.
-As pessoas não entendem que a gente é só amigo. Porra, eu gosto de você pra caralho. Mas aí vem esse babaca dizendo que eu te humilho e tals... Será que todo mundo pensa isso?
Aquilo me aliviou imensamente. Achei mesmo que ele ia dizer para eu me afastar das corridas.
- Léo, na boa... Se você começar a ouvir as pessoas e se incomodar com isso, então... Sei lá, é melhor você ficar com suas senhoritas bunda de fora, e eu na minha. E a gente para de brincar...
- Mas é isso que eu tô dizendo, gordinha. Por que a gente tem que ficar ouvindo merda de todo mundo? Por que cada um não cuida da sua própria vida, e deixa a gente em paz? O que a gente tá fazendo de errado? – Ele estava mesmo indignado.
Baixei a cabeça pensando sobre isso. Eu não sabia onde ele queria chegar com essa conversa... e parecia que nem ele.
- É Léo, mas as coisas são assim. – Tomei fôlego, e olhei para ele - O Nildo me disse ontem que eu deveria parar de ir às corridas... Que no meio de vocês não é lugar pra mim. – Resolvi contar, porque ele estava chateado, e achando que a culpa era dele. Mas Nildo deixou bem claro que quem criava essas confusões era eu. E no fundo ele estava certo...
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Elise (Repostando)
Teen FictionRespondona, grossa, encrenqueira que não leva desaforo para casa, e com ótimo gosto musical. Elise é a faz tudo de uma equipe de Rally. Viajando com seu pai, seu irmão e os caras da equipe desde os 14 anos, ela foi obrigada á se encaixar nesse meio...