Fui direto para o quarto, coloquei a pasta do System of a Down no álbum Toxicity, e botei para repetir, em um volume razoável. Deitei na cama, e tentei dormir. Chateada com o Du, com a ideia de não poder nem brincar de correr. E chateada com... O Léo...
Ele não tinha obrigação de me convidar para festa, somos amigos de trabalho. E ele tinha uma vida bem badalada na cidade dele. O que eu pensei? Acho que era mais fácil ele convidar a Mandy. Minha amiga muito gostosa. Abracei o Stitch. Não podia confiar em ninguém mesmo. Léo me dedurando para o Du, Du me delatando para meu pai, meu pai ameaçando Lestat... E o Léo...
O Léo não tinha nada a ver com isso. Nem sabia porque estava pensando tanto. E eu ainda mandaria uma mensagem para ele desejando felicidades logo pela manhã. E depois desligaria o celular para ele não achar que estava mandando parabéns, para ser convidada. É, era esse o plano!
Apaguei, e deixei Serj Tankian berrando nos meus ouvidos a noite toda. Só assim consegui relaxar.
Acordei de manhã, desliguei o som e me sentei na cama, tentando criar coragem de levantar. Coloquei minha babylook do Death Note e o short jeans super surrado, que era um pouco mais comprido que os das senhoritas bundas de fora. Sorri me olhando no espelho. Que ridícula. Por isso eu só usava aquilo em casa, e quando estava um calor escaldante.
Me sentei em frente ao computador e olhei o facebook, que piscou com o aviso do aniversário do Léo. – Até você Facebook? Me erra, né?– disse para mim mesma.
Olhei no ícone do chat, e tinha uma mensagem de um cara desconhecido. Achei estranho, mas abri para ver. Devia ser vírus, ninguém nunca me mandava nada. A mensagem dizia:
"Oi, gravei esse vídeo ontem, e descobri por meio de uma conhecida que esse carro é seu. Ele foi roubado? Estava no bairro dos Pires ontem. Qualquer coisa estou a disposição."
E o vídeo de dez segundos embaixo.
Cliquei, e o vídeo começava com um barulho e uma nuvem de poeira se aproximando, quando chegou perto da câmera lá estava, Lestat, passando a milhão pelo cara que filmava, mas deu para ver a placa dele de frente, acho que foi assim que ele chegou até mim, e também porque não existiam muitos unos Mille super verdes por aí.
Ri vendo o vídeo, e dei play outra vez e outra e outra. Não dava para acreditar que era eu. Sorri feito idiota, estava orgulhosa de mim. E agora ainda tinha uma prova do que eu tinha feito.
Salvei o vídeo no meu celular, para ter ele para sempre guardadinho para mim. Já que eu não podia fazer de novo...
Peguei o celular e saí do quarto correndo para ir até meu pai.
- Pai, olha isso! Um cara me gravou ontem! – Pulei toda animada, quase enfiando o celular na cara dele. Dei o play e fiquei esperando enquanto ouvia os dez segundos do Lestat rugindo.
Ele ficou pálido. – Ah Meu Deus! – Engoliu em seco ficando pálido, e abaixou minha mão com o celular. – Achei que seu irmão estava exagerando, mas... Meu Deus, Elise, sua maluca! – Tentou respirar depois de falar.
- O que ela fez? – Ouvi uma voz... E me virei.
Ele estava parado no meio da sala, com uma cara séria.
- Léo? O que você tá fazendo aqui? – Olhei dele para meu pai, confusa.
- Eu perguntei primeiro. – Falou emburrado.
Meu pai pegou o celular da minha mão, e entregou a ele, que deu o play, e mais uma vez os dez segundos do barulho do Lestat ecoaram pela sala.
Ele franziu a testa, olhando para mim, e ele não estava só sério, estava com... Raiva?
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Elise (Repostando)
Novela JuvenilRespondona, grossa, encrenqueira que não leva desaforo para casa, e com ótimo gosto musical. Elise é a faz tudo de uma equipe de Rally. Viajando com seu pai, seu irmão e os caras da equipe desde os 14 anos, ela foi obrigada á se encaixar nesse meio...