Incógnita

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— Desculpe? — o ser energúmeno se fez de desentendido.

— Não está à venda — dei um sorriso duro.

— Diga o seu valor — ele tomou um pouco do martini, a outra mão estava dentro do bolso da calça, uma posição que o deixava mais elegante.

O encarei seria. Percebi Ashley nos olhando sem entender meu comportamento rude, mas não achei conveniente explicar que essa marra dele me tirava do sério, além de todo um mistério que eu não estava a fim de resolver. Ele agia como se fosse inalcançável.

Ao me ver quieta, o rapaz tirou a mão do bolso, me mostrando um cheque assinado com o valor em branco.

— Só dizer.

— Então agora posso saber seu nome? — questionei, debochando.

Seu sorriso se ampliou e ele olhou para o quadro.

— Eu realmente gostei desse aqui, já estou até pensando em que cômodo colocar.

Continuei fitando seu rosto, esperando encontrar alguma coisa que indicasse que ele estava brincando.

— Eu também gosto — cruzei os braços, testando para ver até onde ele levaria isso.

Seus olhos castanhos lampejaram para meu rosto, ele parecia apreciar minha teimosia.

— Se quiser eu imploro de joelhos.

Arqueei a sobrancelha descrente. Ele não parecia ser um homem de meias palavras, e bem que gostaria de vê-lo de joelhos. Entretanto, estava curiosa para saber seu nome. Eu tinha a péssima mania de obsessão ao que me era negado.

— Três mil dólares — disparei com um sorriso presunçoso.

Os olhos de Ashley se arregalaram, ela certamente estava me achando uma doida, não se vendia um quadro de um "anônimo" no mercado a esse preço, muito menos de um anônimo iniciante, e eu sabia muito bem disso.

Os lábios do comprador se comprimiram, contendo um sorriso, mas eu via que o estava divertindo. Ele estendeu sua taça para Ashley.

— Por favor.

Ela segurou o objeto, mais confusa ainda ao ver que ele acatava a oferta. Sua mão se direcionou para dentro do paletó e ele pegou uma caneta dourada, que não parecia nada barata, e começou a escrever no papel retângulo apoiado em sua mão. Em seguida, me passou o papel.

Peguei curiosa e olhei.

— Você escreveu mil dólares a mais, senhor Bieber — li o conteúdo em minha mão.

Justin Drew Bieber, era um blefe?

— Mais mil de gorjeta — explicou, guardando a caneta.

Gorjeta?!

— Espero que não seja um cheque sem fundo — alfinetei, ainda desconfiada.

Mas ele parecia ser tudo, menos caloteiro, era impossível por trás de toda aquela elegância. Até a letra dele, embora estivesse escrito sem apoio, era impecável.

Então, se não estava mentido, estava fazendo um show próprio de exibição para sua pequena fortuna?

— Está ofendendo minha integridade, senhorita. Ninguém seria burro o suficiente para fazer isso com um Evans.

Forcei um sorriso e entreguei o cheque para Ashley. Ela devolveu o martini do agora Bieber e saiu pedindo licença. Não deveria estar um clima agradável.

— Eu mesmo levarei o quadro hoje, quando sair da festa — informou.

Assenti.

— Você não estava tentando comprar minhas desculpas, certo? — semicerrei os olhos, ainda querendo saber onde ele queria chegar com tudo isso.

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