— Se vocês não se calarem eu arrancarei a língua dos dois! — ameacei Caleb e Flê que acabavam com minha moral enquanto preparávamos o jantar.
— Eu só estava dizendo que gostei do partido! — Flê se defendeu, dando uma risadinha.
— Você tinha que ver Flê, as bochechas dela quase estavam pegando fogo de tão vermelhas quando cheguei. Ele sabe disfarçar, mas você é um caso perdido, Faith.
Joguei um tomate nele, torcendo para que estivesse podre e sujasse toda a sua fisionomia de sabichão. Caleb segurou o fruto antes que pudesse atingi-lo.
— Juro que vou matar vocês! — resmunguei cheia das gargalhadas — Não vou te perdoar tão cedo por contar que Justin estava aqui, Fleur!
Ela revirou os olhos, desacreditando da promessa. Eu estava constrangida, mas ambas sabíamos que dois dias depois eu esqueceria de quem era a culpa.
— Tente se compensar me dizendo onde está meu pijama azul.
Caleb lançou um olhar malicioso para Flê, sugerindo situações nada adequadas. Flê explodiu em uma gargalhada enquanto eu me deslocava para frente de meu irmãozinho deferindo-lhe tapas ardidos.
— Parem com isso! — grunhi, batendo o pé de frustração.
Eu não seria respeitada, era fato. Dei-lhes as costas, ouvindo alguns protestos sobre minha saída.
— Estão te aborrecendo, querida? — Bryan estava fechando a porta da entrada quando adentrei seu campo de visão, ansioso para se divertir com uma chacota.
A pergunta indicava que não ouvira nada que me incriminasse. Menos mal.
— Caleb só está pegando no meu pé — fiz cara de tédio e o abracei, pronta para desviar sua atenção do assunto.
— Percebi. Pensei que havia um urso sufocando e uma hiena bêbada na cozinha.
Dei risada de sua comparação, tão estranha para ele, e perguntei:
— Como foi seu dia?
Seus olhos se desviram de mim enquanto respondia, o que já sinalizava que não fora nada agradável.
— Produtivo. E o seu?
Agora era minha vez de desviar o rosto.
— Idem. Cadê a mamãe?
— Está resolvendo algumas pendências, mas logo estará em casa.
Deixei que ele subisse para se lavar antes do jantar e me isolei em meu quarto, me preparando para o momento detetive, testando os códigos encontrados da internet no livro de registros. Não conseguia encontrar algum com os símbolos e ou números que havia junto com as letras, como no primeiro e segundo nomes "I3Q4I3 Bieber" e "M@V*A Bieber". O mais próximo era o Codificador de Júlio César, uma técnica clássica que substitui as letras do alfabeto pulando três casas, resultando em "G3O4G3" e "K@T*Y". Deduzi serem George e Kathy, mas não encontrei sentido para os números e símbolos, então não havia como ter certeza. Mas já era um começo.
O tempo parecia ter se passado rápido demais quando Bryan bateu na porta para me avisar que o jantar estava pronto, mas, de fato, havia se passado uma hora. Desci animada, eu estava com uma sensação boa, estava chegando perto. Minha vida medíocre enfim teria um propósito digno, reunir mãe e filho. Era engraçado como eu e Justin parecíamos encontrar o caminho um do outro. Algo em mim dizia que ele me ajudaria a perceber meu destino e eu o ajudaria com seu passado. Pintaríamos nosso céu cinza de azul.
Todos já estavam na mesa me esperando. O silêncio fúnebre que precedia assuntos importantes também.
— Tudo bem, vamos à pauta — Eleanor começou, juntando as mãos e deixando seu prato de lado — Quero todos em pé às oito, prontos às nove e quinze. Nossos convidados deverão chegar às dez. Nenhuma divergência familiar deve ser exposta, nem ao menos um olhar zangado — ela me olhou com um aviso. Eu tinha um pouco de dificuldade em controlar minhas emoções.
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One Life
FanfictionAparentemente, não havia nada de extraordinário na história dos dois. Eram duas pessoas normais, favorecidas pelo capitalismo, e embora não parecesse, ambos tinham muito em comum. O fato de terem o que quisessem era um deles, mas também aquele senti...