Quando consegui me mover minha mente ainda trabalhava devagar, especulando sobre o ocorrido. Justin pareceu satisfeito ao avaliar minha expressão, então havia alguma resposta aí. Ele estava brincando comigo? Mais um de seus jogos?
Entrei no carro que me aguardava com uma espécie de decepção, vergonha e raiva subindo pela garganta. Justin Bieber estava me provocando, e debilmente eu havia facilitado as coisas para ele. Por que não virei quando pensei que me beijaria? Por que ele queria que eu pensasse que me beijaria? E por que a sensação de sede ainda estava em minha boca?
Eu já deveria ter entendido que a única coisa que esse garoto me agregava eram dúvidas e mais dúvidas. No dia seguinte encheria minha cabeça delas também? Eu deveria ir?
— Graças a Deus! — Flê exclamou quando passei pela porta.
A recebi em meus braços confusa.
— Aonde você estava, Faith Evans?
Me toquei que nem havia avisado que almoçaria fora.
— Desculpe, Flê, fui no Burguer King, acabei esquecendo de avisar
— Então faça o favor de ligar para o seu pai e avisar que está viva, ele está tendo um colapso agora mesmo.
Eu podia ver de onde havia herdado todo o meu exagero, aliás, só cheguei uma hora e meia mais tarde.
— Pra que isso, gente? Não fiquei tanto tempo assim fora. De qualquer forma, Hanna sabia onde eu estava.
— Nem você nem Hanna atendiam o celular, e sempre estão com esses aparelhos em mão.
Também não percebi que meu celular tocava, minha obsessão com respostas me deixara aérea, então a presença de Justin Bieber não era boa para mim.
— Ela deve estar com Wren.
— Hm, então a menina Hanna tem a desculpa de estar apaixonada, e você? Se não estava com ela, com quem estava?
Senti os olhos de Flê curiosos em minhas costas enquanto subia as escadas para escapar da conversa.
— Pode ficar tranquila, já vou ligar para meu pai.
Ouvi quando ela estalou a língua, mas Flê respeitava nosso espaço, portanto não disse mais nada. Era uma das coisas que eu mais amava nela.
Peguei meu celular, vendo inúmeras chamadas não atendidas e mensagens para descobrir meu paradeiro.
Deus!
Retornei a ligação, que ele atendeu no primeiro toque.
— Alô?
— Faith! Por que não atendeu o celular? Onde está?
Sim, ele ainda estava surtando.
— Eu não vi as chamadas, desculpe. Estou em casa agora, estava almoçando fora — falei devagar, procurando não me irritar com sua preocupação demasiada.
Seu suspiro de alívio foi audível.
— Não faça mais isso. Atenda esse celular e avise quando for sair. Seria melhor se não saísse — seu tom ainda estava histérico.
— Pai, relaxa, eu tô bem, não vou mais sair hoje.
— Eu e sua mãe temos que ir direto para o enterro de Cooper hoje, então não nos esperem para jantar.
No fim das contas, meus pais realmente conheciam o homem que morava na esquina seguinte à igreja. Ele era um sócio da empresa há alguns anos até que se aposentasse do emprego e agora da vida. Frequentamos a casa dele umas três vezes, o suficiente para lamentar o ocorrido. Eu não sabia se era melhor ou pior que não tivesse uma família, por um lado, aliviante que não sofreriam com sua perda, por outro, a ideia de morrer sem partilhar amor era péssima.
VOCÊ ESTÁ LENDO
One Life
FanfictionAparentemente, não havia nada de extraordinário na história dos dois. Eram duas pessoas normais, favorecidas pelo capitalismo, e embora não parecesse, ambos tinham muito em comum. O fato de terem o que quisessem era um deles, mas também aquele senti...