Hipocrisia

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Uma vez dentro do recinto extremamente lotado, perdi o ser enigmático de vista e me infiltrei entre as pessoas para chegar à área VIP, balançando a cabeça para clarear minhas ideias ainda um pouco confusas. Meu corpo passou a ser dominado por uma energia eufórica enquanto eu tentava chegar ao meu destino, e tentei entender o sentimento. Poderia ser a música, as pessoas que se agitavam a minha volta, ou simplesmente os dois, mas isso não deixava de ser estranho. Senti quando seguraram meu braço bruscamente e me virei na esperança de ser Bieber por algum motivo aleatório. A loira empolgada não se parecia nada com ele.

— Com quem estava? — Han gritou no meu ouvido dando pulinhos.

Fiz careta, eu não gostaria de entrar no assunto, muito menos aos berros.

— Um cara que encontrei no bar, estávamos conversando — gritei de volta.

Ela não perdeu as esperanças.

— E só conversaram mesmo?

Assenti rapidamente e sua frustração se refletiu em mim, mas apenas por eu ser uma pessoa sensitiva.

— Tudo bem, depois você me conta, vamos dançar.

Para Hanna deixar passar o assunto "garotos" de lado a música devia estar mesmo agitando suas células incontrolavelmente. Tendo em vista que eu queria fugir do assunto, aceitei sua oferta. No fundo, também gostaria de gastar minha energia extra ao invés de ficar pensando onde Bieber estava. Talvez eu arranjaria uma maneira de vê-lo em ação, era impossível imaginá-lo como conciliador. Se bem que seu jeito controlado e aparentemente paciente, além de seus olhos e sorriso persuasivos, serem bem úteis nesse quesito.

Chacoalhei a cabeça outra vez para expulsar os pensamentos e me concentrei na batida cativante e animada da música que tocava. Wren sorriu ao me ver juntar a eles e fizemos uma mini roda, pulando, batendo os pés, agitando as mãos, cabeça e quadris de forma desordenada mas coerente, até mesmo Wren que era o menos acostumado com esse tipo de música entrou na bagunça. Hanna inventou uns passos combinados e nos fez imitá-la. E eu deveria admitir, estava me divertindo muito com tudo aquilo.

Será que após seu trabalho Bieber se permitiria divertir assim? Será que gostava de dançar esse tipo de música? Dançaria conosco?

— Assim Faith! — Han instruiu, me mostrando o novo passinho.

Fiquei contente por ter outra coisa com o que me ocupar. Arrisquei até mesmo fazer alguns por conta própria, e apenas um deles se pareca com uma galinha chocando um ovo, Hanna estava orgulhosa. Wren olhou para ela com um sorriso, e aquele momento que se olhavam me deixou constrangida de presenciar a cena. Me lembrei da maneira que Justin Bieber me encarava quando acariciou minha bochecha, mas provavelmente era a analogia errada, não devia haver nenhuma intimidade ali. Minha mente sempre fora muito fértil.

Estava tão distraída que não percebi o movimento do topetudo a minha esquerda, sem aviso prévio então, ele segurou minha cintura com uma das mãos, se aproximando com um sorriso confiante. O tapa que dei sua mão foi mais do que merecido, e pouco para o que eu queria.

— Eu te dei alguma intimidade?! — berrei furiosa com sua audácia desrespeitosa.

Vai aí uma dica, meninos, não toquem em uma garota sem autorização!

Ele levantou as mãos em rendição, usando o bom senso para sumir da minha frente.

— Está tudo bem? — Wren me perguntou, mas com os olhos nas costas do rapaz que se afastava. Era claro que, dependendo da minha resposta, a ousadia do topete poderia acabar com um final mais infeliz.

Fuzilei com o olhar as costas do cidadão, desejando muito que eu adquirisse repentinamente o poder do Ciclope.

— Está.

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