Ruína

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Agradeci aos Céus que as pessoas estivessem distraídas demais para prestar atenção no meu pequeno drama, apenas as mais próximas olharam para ver o que acontecia. Tudo havia ocorrido rápido demais, então comecei a entender aos poucos. As emoções vieram em seguida, um jorro em minha cabeça, apenas com a prevalência da raiva. Qual direito aquele babaca de terno, que desapareceu por duas semanas, sem explicação, tinha para afastar Charles de mim?

Senti um possível escândalo subir para minha cabeça e o reprimi com todas as forças. Fuzilei Bieber com os olhos, mas ele não parecia nada arrependido de seus atos. Os pensamentos homicidas já pintavam minhas ideias, então agi rápido. Fui até ele e lhe dei um empurrão, virando as costas em seguida com todo controle que eu tinha. Eu sabia que Charles podia se defender, o maior risco quem corria era eu de pagar o maior mico para a sociedade universitária.

Marchei para longe dos dois, deixando o pub pela saída de emergência para evitar os fotógrafos da entrada.

— Faith! — claro que ele tinha que vir atrás de mim.

Ignorei o chamado e atravessei a rua, zelando pelo meu amor próprio.

— Faith! — e ele já havia me alcançado, segurando meu braço com determinação.

Virei para ele com toda a fúria emanando de mim, soltando meu braço de sua mão.

— O que você quer, babaca? Qual é o seu problema? Por que não some de uma vez? — as palavras quase tropeçaram umas nas outras, saindo como um jato de minha boca.

— Faith...

— Você me deixou plantada por uma hora, nem se esforçou para me procurar e pedir desculpa, e agora agride Charles sem motivo algum? — tudo o que eu havia planejado dizer em todos esses dias vinha rápido em minha mente, numa desordem desnorteante.

— Eu achei que ele estava te agarrando contra sua vontade, só queria ajudar — ele se defendeu com ingenuidade, deixando de fora a explicação mais importante.

Arfei, descrente de sua falta de ética.

— Você é só um idiota mesmo, não?

— Não é isso.

Cruzei os braços, esperando uma desculpa melhor.

— Aham, então o que é, Justin?

Ele ficou quieto. Não havia ao menos uma inclinação de que me diria a verdade, mas não aparentava querer inventar uma mentira também.

— Tudo bem, eu não preciso de uma amizade dessas. Não se intrometa mais na minha vida.

Olhei uma última vez para seu rosto malditamente encantador e continuei meu caminho.

— Faith, aonde você vai?

Por que ele ainda estava atrás de mim?!

— Para casa, me deixa!

— Andando sozinha à noite, vestida assim? — se indignou.

— Era só o que me faltava, além de tudo é machista! — reclamei apertando o passo.

— Não sou machista, sou realista, é perigoso.

— Enfia essa preocupação no nariz.

No fundo eu sabia que ele tinha razão, então peguei meu celular, mandando uma mensagem para Etienne com minha localização. Eu tinha que parar de pegar carona com meu irmão.

— Deixa que eu te levo então — sugeriu.

— Justin Bieber, some de vez!

Foi o suficiente para que ele ficasse quieto, mas ainda podia ouvir que me seguia. Eu não sabia se estava atrás de perdão ou apenas zelando pela minha segurança, só que isso não seria capaz de conter toda a frustração que me consumia. Duas semanas. Ele que não viesse agora querer demonstrar que se importava.

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