Destemida

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O carro voava pelas ruas enquanto um silêncio mortal o preenchia. Eu podia ver as manchetes no dia seguinte, "Faith Evans e Justin Bieber são encontrados mortos em meio a lataria do porshe preto do conciliador".

Me contive o máximo que pude, mas na terceira vez que quase causou um acidente, fazendo ressoar uma buzina estridente de repreensão, exclamei:

— Justin, encosta o carro.

Ele me deu uma olhada fulgaz, pisando mais fundo no acelerador.

— Justin Bieber, encosta essa porcaria agora!

Eu sabia como dar um escândalo, era melhor que ele não quisesse encarar o meu escândalo.

Arqueei a sobrancelha como ameaça quando seus olhos avaliaram o quão serio eu estava falando. Nos encaramos rapidamente como desafio. Ele expirou e deu uma virada brusca, parando o carro de uma vez em seguida. Meu corpo foi jogado para frente e fiquei grata pelo cinto estar em pleno funcionamento.

Mal me estabilizei e ele já estava fora do veículo, deixando um rastro de fúria que quase marcava o solo enquanto adentrava apressado pelo bosque ao lado da estrada. Choraminguei por ser compelida a segui-lo. Eu nutria uma espécie de pavor por praticamente todas as espécies de animais, desde insetos até meu irmão.

As folhas reclamaram sob meus pés a medida que eu ia atrás dele, deixando o som da globalização cada vez mais longe. Justin acelerou o passo gradualmente, parecendo não ter a mínima noção de onde ia, apenas despejando suas frustrações no caminhar. Contanto que não se machucasse, estava tudo bem para mim, desde que não nos perdêssemos e ou aparecesse algum anfitrião das matas.

— Justin! — o chamei para que pelo menos me esperasse.

Embora minha voz ressoasse livremente entre as árvores, ele não se deteve, não até que encontrasse um tronco caído enorme no meio do seu caminho. Aproveitei a oportunidade para apressar o passo, felizmente o alcançando a tempo de impedir que socasse uma árvore com sua mão já machucada. Segurei seu braço.

— Não é causando dor física que vai se livrar da emocional, Justin — repreendi quando ele me jogou um olhar louco — Você tem que aprender a lidar com suas frustrações.

Ele apertou os olhos, obviamente com raiva de mim. Imaginei que fosse me ofender com palavras, mas se livrou da minha mão com um sorrisinho sádico.

— Tem razão, vou trabalhar.

Ele deu meia volta, retornando de onde viera. O segui outra vez.

— Não, não assim. Você não está em condições.

Quase bati contra seu corpo assim que virou-se bruscamente para mim.

— E o que me sugere então, Faith? Como espera que eu lide com... todas essas coisas que estão acontecendo?!

Senti um pouco de raiva borbulhar em meu estômago pelo seu tom de voz sarcástico. Eu só queria ajudar, não era justo que descontasse em mim. Reprimi todo meu instinto briguento, repetindo para mim mesma que ele só estava fora de si, e com razão.

Amenizei minha expressão, pegando sua mão.

— Converse comigo.

Ele riu com o nariz ironicamente, puxando sua mão para cruzar os braços, como se eu estivesse oferecendo alface para um leão.

— Sobre o que iríamos conversar?

Era meu limite. Também cruzei os braços para não chacoalhá-lo pelos ombros no intuito de ver se seus miolos voltavam ao lugar.

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