Escultura

678 53 87
                                    

Bieber estava mais informal do que da última vez em que nos vimos, sua camisa social preta estava com as mangas puxadas até os cotovelos, os dois primeiros botões no peito estavam abertos, o cabelo continuava todo penteado para trás, mas um pouco desgrenhado.

Ele se sentou ao meu lado com aquele sorrisinho de canto, talvez percebera que eu o avaliava e que havia ficado sem fala por causa disso. Ele estava realmente muito atraente. Seu olhar em mim passou a ficar confuso e curioso conforme o tempo passava e eu ficava calada.

— O que posso te dar essa noite? — a voz melosa interrompeu a troca de olhares constrangedora. Eu não me lembrava o quanto ele era bonito e intimidador.

Por um segundo, Bieber olhou a funcionária que empenhava todos os seus poderes de sedução a ele. Era claro que ele também a afetava, mas ela reagia a isso de uma maneira bem diferente. Seu olhar e postura eram totalmente oferecidos, mais do que meu atendente.

— Não preciso de nada, obrigado — ele mostrou o copo com líquido azul em sua mão. Eu não a culpava por não ter percebido isso, aliás, eu também só o notava agora.

— Qualquer coisa é só me chamar — ela parecia decepcionada por não poder ser útil, então seu 'qualquer' queria dizer exatamente isso, e eu apostava alto que sua esperança envolvia toques físicos.

Ele assentiu uma vez, mas seu olhar não parecia nada malicioso. Talvez ele houvesse acabado com a autoestima dela agora mesmo, sua cara desabou, mas se recompôs em um segundo, deu um sorrisinho sedutor como uma ultima tentativa e saiu rebolando até o próximo cara.

Quando voltei minha atenção a ele seus olhos já estavam em mim, dessa vez avaliando o que eu vestia. Achei justo, pois eu fizera o mesmo com ele, mas não deixava de ser menos constrangedor.

— Está bonita — a forma relutante dele usar a palavra me dava a impressão de que não era a que estava em sua cabeça. Só me restava imaginar se era pior ou melhor do que isso.

— Digo o mesmo.

Ele deu um gole na bebida, me encarando.

— Bom, mas sua expressão não está muito satisfeita.

Dei de ombros.

— Você gosta de conversar aos gritos? — perguntei retoricamente.

Ele balançou a cabeça, concordando comigo, então repentinamente se aproximou, falando alguma coisa que eu não entendi.

— O que?

Seu sorrisinho me deixou desconfiada, e em um segundo seus lábios estavam perto do meu ouvido.

— Por isso as pessoas falam no ouvido uma das outras.

Eu gostaria de dizer que não havia ficado arrepiada com seu hálito soprando em minha orelha, mas seria uma grande mentira.

Concordei com a cabeça, mantendo todo o corpo paralisado para não fazer nada de que me arrependesse depois.

— Quer respirar ar puro? — disse após avaliar minha expressão.

Eu não sabia se era uma boa ideia, mas adoraria sair desse lugar abarrotado que estava me deixando claustrofóbica.

Assenti e nos levantamos. Naturalmente, ele segurou minha mão, me guiando em meio a multidão. Quase paralisei de novo ao sentir o toque de sua pele na minha, e ao mesmo tempo minhas células se agitaram. Fiquei meio aérea e não prestei atenção para onde estava sendo arrastada, só vi quando ele abriu uma porta, mas ao contrário de ser uma sala, era um espaço aberto. Um banco redondo contornava a árvore média fixada no chão de concreto. Na extremidade esquerda estava uma caçamba de lixo. Era provavelmente os fundos do estabelecimento, contudo, eu não sabia como havíamos conseguido acesso assim facilmente.

One LifeOnde histórias criam vida. Descubra agora