Eu gosto de Você

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O fogo me cercava por todos os lados, avisando que não havia para onde correr. Tentei gritar, minha voz não saía. Todos que eu conhecia estavam atrás das chamas, bebendo champanhe, brindando alguma coisa. Identifiquei Justin logo ao lado do meu pai, seu sorriso reluzia no rosto.

Por que eles não me viam?!

Balancei os braços acima da cabeça, esperando que me olhassem. Foi um alívio quando os olhos de Justin captaram o movimento, mas sua reação não foi a que eu esperava. Ele levantou a taça na minha direção, alargando o sorriso. Todos o imitaram, igualmente felizes.

Percebi aos poucos, eles celebravam minha morte.

Levantei estabanada na cama, meus olhos úmidos, a respiração ofegante.

Maldito subconsciente.

— Tudo bem, foi só um pesadelo — a voz suave no meio da escuridão procurava me acalmar, mas apenas acelerou meu coração por ser inesperada.

Devagar assimilei o timbre à pessoa. O procurei pelo quarto com os olhos confusos.

— Justin?

Senti sua mão segurar a minha, denunciando seu posto na poltrona ao lado da cama.

Conforme meus olhos se acostumavam, enxerguei seu sorrisinho presunçoso, reparando na camisa social branca surrada que usava, as mangas puxadas até o cotovelo. Ele transparecia cansaço.

— O que está fazendo aqui? Que horas são? — perguntei desnorteada. Estava sonâmbula? Imaginando coisas?

— Não queria te deixar sozinha. Deve ser umas duas e meia.

Franzi a testa, ainda sem compreender. Eu estava grogue, então nem formular uma pergunta lógica conseguia. Podia muito bem estar delirante. Delírio ou não, sua presença me fazia bem.

— Você sumiu do hospital — me queixei, deitando novamente na cama, derrubada pela sonolência. Puxei sua mão contra o meu peito, envolvendo com minhas duas palmas.

— Tinha umas questões para resolver. Achei que você estava em boas mãos.

Fiz careta para ele, discordando.

— Quem foi que me tirou do fogo? Você. Então parece que é a melhor pessoa para cuidar de mim — argumentei.

Ele deu uma risadinha estranha, com os olhos no colchão.

— Você me superestima, Faith. Eu sou uma péssima companhia para você.

— Cala a boca. Eu gosto de você.

Essa revelação fez com que ele me olhasse cético.

— De zero a dez, qual seu nível de consciência nesse momento?

— Menos um — confessei — Mas isso não quer dizer que eu estou mentindo.

Sua testa se enrugou de insatisfação.

— Não acho que esteja mentindo.

Rolei para o lado, batendo no colchão para que ali se deitasse.

— Quero olhar direito seus olhos.

A desconfiança em seu rosto foi imediata, me fazendo revirar os olhos.

— Justin Bieber, isso é uma ordem.

Ele riu.

— Tudo bem.

Ainda com receio, Justin se deitou à minha frente, tirando os sapatos e cruzando os braços a uma pessoa de distância de mim.

— Por que se incomoda se não acha que estou mentindo? Você não gosta de mim? — perguntei baixo, temendo que a resposta viesse como um tsunami.

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