Inércia

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— Faith? — as batidinhas na porta soaram pelo meu quarto enquanto eu tirava o colar.

Eu sabia que era meu irmão pelo tom de voz, então rapidamente coloquei o colar no porta jóias e corri para a porta.

— E não é que o melhor partido de Boston veio parar na minha porta? — brinquei assim que vi seu rosto.

Ele deu uma risadinha.

— O que você quer?

Fingi estar ofendia e voltei quarto a dentro para que ele me seguisse.

— Você me subestima, Caleb — tirei os brincos e olhei pelo reflexo do espelho — Ganhou presentes das suas admiradoras esta noite? — voltei meus olhos para a caixa prateada com um laço dourado na tampa em sua mão.

— Flê me pediu para trazer aqui em cima, é seu.

— Meu? — estava aí uma surpresa.

Examinei a caixa mais uma vez e ele assentiu, me estendendo.

— O que perdi esta noite?

— Você sabe como são esses eventos — peguei o objeto em mãos, olhando interessada — Que cheiro é esse? — questionei distraída.

— Eles disseram que não foi tão conforme o planejado.

— Fizeram fofoca já? — fui retórica, nada surpresa com o rumo da conversa — Está falando do comprador?

Coloquei a caixa na cama e abri a tampa, me chocando com o que havia dentro. Peguei o pequeno papel retângulo que estava em cima da caixa de isopor com alguns furinhos — os mesmos que me denunciaram seu conteúdo — e li o recado:

"Bom apetite,

Jb"

— Presente de algum admirador?

Abri a tampa de isopor e deixei o cheiro me deliciar.

— É batata frita — murmurei perplexa.

— O que? — Caleb veio ao meu lado espiar.

Jb era de Justin Bieber? O rapaz estranho que nem o nome queria me fornecer antes?

— Por que está estranha? Pode me explicar o que está acontecendo? — nesse momento ele deixou aflorar seu lado protetor.

Peguei uma batata frita, mordiscando.

— Relaxa Caleb, esse cara é doido.

Virei o cartão na esperança de encontrar seu número de telefone para que eu pudesse agradecer, mas não havia nada. Estranho não chegava nem perto da definição para esse cara.

Caleb se sentou na cama, olhando pra mim e esperando por explicações que fizessem sentido.

— O pai disse que ele dançou com você por muito tempo. É o mesmo cara?

Peguei a caixa de isopor e me sentei ao seu lado, deixando no meu colo o recipiente da porção generosa.

Dei de ombros.

— É. Não precisa se preocupar, ele não parecia estar interessado.

— Você está comendo um presente dele — ele me lembrou, apontando para o meu colo.

— E isso é tudo o que vou ter dele — pensei em suas meias verdades e me frustrei.

— Isto te deixa aborrecida? — me avaliou.

— Não. Não é nada. Nos conhecemos, conversamos, dançamos, ele comprou um quadro, foi embora, e me deu essas batatas fritas porque eu comentei que queria. Mas não tenho telefone, endereço, local de trabalho, nada. Ele só foi gentil — expliquei rápido.

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