Sim, era ele. Há pouco mais de dez metros de distância lá estava León com seus cabelos bagunçados pelo vento e seu corpo atlético envolvido em algumas camadas de roupas. Ele não estava com um desconhecido, Tracey era o outro rapaz prestes a entrar no carro prateado. Meu coração acelerou freneticamente, fiquei apavorada, não sabia se corria até deles ou se ficava e voltava para minha prisão. E parecendo ler os meus pensamentos, ou sentir minha presença, León se virou exatamente em minha direção. Mordi o lábio inferior para conter qualquer possível grito e estiquei com os dedos uma mecha da peruca loira. Virei o corpo em um movimento discreto e direcionei meu olhar para os pedestres, o choro contido em minha garganta.
Respirei fundo e juntei o resto que sobrará das minhas forças para reprimir o impulso de atravessar a rua e me jogar na frente do carro prata. Levei um susto ao sentir alguém por trás, sua mão apertou minha cintura levemente e uma respiração fria soprou no meu pescoço. Fiquei arrepiada.
-Estou feliz por você não ter tentado nada - disse o mafioso no pé do meu ouvido. - Deixar Emilly sozinha naquela montanha seria uma decisão egoísta e cruel.
Eu não vi, mas tinha certeza que aqueles perfeitos lábios, muito bem esculpidos pelo seu maldito DNA, subiram em um sorriso prazeroso e demoníaco. Respirei fundo e me virei em sua direção, decidida do que iria fazer, decidida a salvar minha vida e a de Emilly.
-Talvez não seja por Emilly que eu não tenha feito nada... - digo quase em um sussurro. Desviei o olhar para baixo para logo em seguida voltar a olhá-lo, como alguém que esconde seus reais sentimentos. - Talvez... você... seja... o verdadeiro motivo para que eu não tenha feito nada...
Aqueles olhos, tão azuis, de repente ganharam brilho, um brilho tão intenso que quase foi capaz de penetrar minha pele. Mas eles também demonstram surpresa e isso me preocupou um pouco, porque surpresa significa algo inesperado, inimaginável, e se não há possibilidades de acontecer... Talvez seja mentira.
-Desculpe... Eu... acho que bebi vinho demais... - digo dando um passo para trás e olhando para os meus pés.
Foi então que algo estranho aconteceu. Ele quebrou a pequena distância entre nós dando um passo à frente, sua mão ergueu meu queixo com delicadeza enquanto a outra puxava meu corpo pela cintura, seu hálito de vinho veio contra meu rosto e então ele selou o momento juntando nossos lábios. Não pude fazer outra coisa se não corresponder, levei minhas mãos até os cabelos dele e os puxei levemente, sentindo a maciez dos seus fios loiros. Tentei não pensar muito no fato de Tracey possivelmente estar do outro lado da rua nos vendo, tentei não pensar se isso poderia ser considerado uma traição ou não, mas não faria diferença se isso ajudasse manter Emilly e eu vivas.
Deixei os pensamentos sumirem e tentei me entregar ao beijo como se minha vida dependesse disso, e de certa forma, dependia. Mas eu não conseguia, não totalmente, então minha mente, muita minha amiga, para ajudar naquela atuação me mostrou imagens da minha primeira vez com Tracey. Via nitidamente o corpo malhado do meu policial deitado sobre a cama, seu semblante sério o deixava muito atraente, sua boca levemente úmida era um convite irrecusável... Com a imagem de Tracey na minha cabeça ficou mais fácil de me entregar ao beijo, mas não era a mesma coisa, faltava algo...
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Gêmeos em Ação
Teen FictionLeon e Lauren são totalmente o oposto um do outro, enquanto ele é calmo, intelectual, minucioso e simples, ela é agitada, vaidosa, espontânea e mimada. Apesar da diferença gritante entre eles, os dois continuam gêmeos e melhores amigos. Lauren sempr...