Capítulo 60 - Outra vez / Parte II

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Lembro de ter acordado na madrugada sentindo fome

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Lembro de ter acordado na madrugada sentindo fome. Deixei Tracey no quarto e me dirigi até a cozinha do apartamento, mas aí lembrei que minha mãe havia feito biscoitos na noite passada e então fui atrás deles até a "copa fantasma" (era sim que Emilly e eu chamávamos a cozinha pouco utilizada pelos agentes). Desci de elevador e as portas se abriram diretamente na copa fantasma. Me guiei apenas pelas pequenas luzes dos eletrodomésticos até o fogão onde achei os biscoitos e os deixei em cima da ilha de mármore. Estava procurando pelo leite na geladeira quando ouvi o elevador abrir.

Me virei lentamente com a garrafa na mão já orando para que não fosse um psicopata como nos filmes que eu assistia com meu pai. Vi a silhueta de uma figura humana. Tentei controlar meus batimentos cardíacos. A figura saiu do elevador e parou no lugar ao me ver. A luz da geladeira não era o suficiente para iluminar a coisa.

–Se você teme pela sua vida, é melhor que continue onde está! – digo tentando soar intimidadora. Ouvi a pessoa rir. Ela ergueu as mãos ao lado do corpo em sinal de rendição.

–Tudo bem, só vou ascender a lâmpada, okay? – perguntou a voz grossa e marcante.

Não respondi, mas ele levou meu silêncio como um sim, pois o mesmo andou de lado até o interruptor e uma chuva de luz atingiu meus olhos. Pisquei repetidamente até que minha visão se ajustasse a claridade.

Descobri que a figura alta se tratava de um homem muito bonito. Seu cabelo era intensamente preto e liso, seu rosto rosto trazia fortes traços asiáticos da parte oriental e sua pele possuía um bronze invejável. Ele vestia uma camiseta branca e uma calça escura e seus pés estavam descalços.

–Você não é a garota sequestrada hospedada no vigésimo andar? – perguntou ele se aproximando. Não pude recuar, caso contrário entraria de bunda na geladeira!

–É assim que vocês me chamam por aqui? – perguntei erguendo uma sobrancelha.

–Boa parte de nós, outros já não tem tanto pudor assim – disse ele dando de ombros. O fitei com o olhar estreito.

–O que você quer dizer com isso? – perguntei intrigada. O vi caminhar até mim lentamente e meu corpo gelou. Acho que peguei trauma de aproximação de homens.

Ele parou a uma distância razoável de mim, mas já era o bastante para descobrir que seus olhos eram de um tom castanho claro.

–Alguns agentes são babacas e não conseguem controlar os hormônios – disse ele e estendeu a mão. – Sou o Lucky.

Ainda desconfiada, apertei sua mão rapidamente. Não sei se era instinto ou apenas medo, mas algo em mim me alertava.

Gêmeos em AçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora