Os dias estavam passando sem esperar aqueles que ainda precisavam de tempo para voltar à realidade. E apesar da maior parte dos meus dias serem preenchidos por minha dedicação e treino ao piano, ainda me sobrava tempo para pensar nas tristezas que prendiam meu peito e me faziam refém. Ainda havia uma brasa de angústia em mim que inflamava meus pensamentos e me perturbavam nos meus momentos de solidão. Havia uma coisa que estava martelando na minha cabeça e não queria me abandonar mesmo que eu lutasse e relutasse com todas as minhas forças. Havia algo que eu precisava fazer... por mim. Para que eu conseguisse finalmente seguir em frente.
Fechei a tampa do piano quando meus dedos começaram a doer. Olhei para o céu e estava uma tarde bonita alaranjada. Meus olhos acabaram descendo para meu pulso direito onde habitava uma linda pulseira. Lembrei do vovô San. A saudade bateu latente contra o peito e imaginei como seria se ele estivesse aqui... Com certeza ele teria ficado feliz por me ver tocar piano. E com certeza ele acharia que estou louca por ter me apaixonado por um mafioso, mas ele também me daria um abraço e diria que tudo ia passar e que eu ficaria bem.
— Lauren? — Ouvi alguém me chamar. Levei meus olhos em direção à voz e encontrei meu pai na porta. — Está tudo bem?
— Sim. Estava pensando no vovô San. Sinto falta dele — digo me levantando e indo em direção ao meu pai.
— Eu nunca perdi alguém que eu amasse, mas quase perdi sua mãe várias vezes e você algumas, então eu posso imaginar o que é sentir falta de alguém — disse meu pai em um dos seus momentos raros de falar sobre sentimentos.
— Eu nunca mais quero passar por isso, é a pior dor do mundo — digo segurando a mão dele. — Tem mais alguém em casa?
— Não, mas sua mãe deve chegar daqui a pouco — respondeu ele.
— É melhor assim, preciso conversar com você a sós — digo e o vejo franzir a testa.
— Vamos entrar, pelo seu tom o assunto é sério.
Esperei meu pai ficar confortável no sofá para começar a falar.
— Sabe, voltar a tocar piano tem me ajudado muito a querer ter uma vida com planos novamente — digo em tom sereno, meu pai escuta atentamente. — Eu consigo me ver trabalhando com música e me dedicando a isso. Eu também sinto que meu namoro com Tracey pode realmente dar certo e um dia eu posso até amá-lo de verdade. Mas para que essas coisas aconteçam, eu preciso encerrar um capítulo na minha vida, e só posso fazer isso indo a um lugar.
— Que lugar? — Perguntou ele com um leve toque de desconfiança.
— Eu quero que você me leve ao túmulo do Louis.
Um vago silêncio se formou. Meu pai desviou os olhos para baixo e pareceu ponderar a ideia.
— É realmente importante para você ir até lá? — Perguntou ele voltando a me olhar.
— Sim — acenei com a cabeça. — É muito importante.
Meu pai suspirou e se levantou em seguida.
— Tudo bem. Nós vamos nesse fim de semana, prepare uma mala pequena — disse meu pai e apenas assenti positivamente.
— Obrigada — digo quando ele passa por mim e faz um carinho na minha cabeça.
Respirei aliviada. Finalmente iria colocar um ponto final no capítulo mais doloroso da minha vida.
***
Acho que Nova York era bonita em qualquer circunstância, até mesmo indo visitar o túmulo de alguém amado a cidade conseguia ser bela. O sol estava se pondo entre os prédios. O vento levava as folhas pelas ruas movimentadas. E apesar da bela paisagem que parecia transmitir luz, dentro de mim estava obscuro, cheio de sombras. Meu coração estava pesado, assim como minha respiração. As milhares de lápides ao meu redor não me traziam conforto nenhum. Achei que se pensasse que todos teriam esse destino um dia me ajudaria a ficar forte. Mas o cenário estava me deixando aflita e agitada. Parei por um instante e fechei os olhos. Respirei fundo e soltei o ar calmamente. Fiz isso várias vezes, até me acalmar.
Voltei a andar. Meus sapatos faziam barulho contra o solo. Não havia muitas pessoas no cemitério... pelo menos não vivas. Quando achei a fileira correta meu coração saltou. E então achei a lápide e... Eu li. Li o seu nome. As lágrimas inundaram meus olhos. Meu coração doeu tanto... Cai de joelhos em frente à sua lápide e chorei tudo o que minha alma estava sentindo nesses meses.
R.I.P
"Phelippe Louis Leblanc ✞"Eu sentia tanta dor. Parecia que meu coração estava sendo mutilado. Meu peito ardia e os soluços eram descontrolados tanto quanto as lágrimas.
— Me perdoa... — Sussurro entre os soluços. — Eu não consegui te tirar daquela vida... Eu achava que podia, mas fui falha. Eu o abandonei e tentei seguir com minha vida como se você não existisse... Eu não queria ter falhado com você. Mas eu também não quero passar minha vida inteira chorando e sentindo essa dor — meus olhos estavam fixos na grama, onde seu corpo repousava metros abaixo. — Eu sempre vou amar sua lembrança e o que você era quando estávamos sozinhos. E por mais que eu me esforce para amar outra pessoa, sei que não existirá outro amor como você.
Minhas lágrimas continuavam caindo, mas meu coração doía menos.
— Eu nunca vou esquecer você, Louis. E prometo guardar no meu coração somente as lembranças boas. Eu amo você... e não me importo se é uma síndrome ou errado te amar, eu realmente não me importo — digo enxugando meu rosto. — Espero que sua alma consiga finalmente a paz que o seu corpo nunca teve.
Quando me levantei, um alívio tomou meu coração. Parecia que todo peso que havia sentindo naqueles meses tivera ficado junto ao túmulo. Não que eu estivesse feliz, isso ainda demoraria a acontecer, mas pelo menos agora eu podia retornar com minha vida. Nunca seria o mesmo, mas me esforçaria para ser uma vida tranquila e feliz.
Tirei uma rosa vermelha do bolso do meu casaco e a coloquei em frente a lápide.
— Adeus, meu Louis.
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Gêmeos em Ação
Dla nastolatkówLeon e Lauren são totalmente o oposto um do outro, enquanto ele é calmo, intelectual, minucioso e simples, ela é agitada, vaidosa, espontânea e mimada. Apesar da diferença gritante entre eles, os dois continuam gêmeos e melhores amigos. Lauren sempr...