04 - Um desconhecido nos meus braços

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     Nem acreditei quando o Estevão quis dormir de novo no meu apartamento e falou que iria me deixar no trabalho antes de ir para a clinica. Fiquei me perguntando se ele tinha feito algo errado e agora está com consciência pesada, mas logo esqueci essa ideia quando pensei que, fazia tanto tempo que não ficávamos juntos direito, que agora que estamos, eu até desconfio. Acordo cedo e vejo que ele ainda dorme, então depois de ligar o chuveiro para a agua ir esquentando, o acordo com carinho. Ele me puxa para a cama e me dá vários beijos, mas logo se levanta também. Tomamos café juntos e ele me leva para o trabalho. Nos despedimos na porta da loja e ele vai embora, pois ainda tem que ir em casa ir se arrumar para trabalhar também. Eu abro a loja um pouco depois da Avery chegar e parece até que a segunda feira se tornou melhor. Eu e a Avery saímos juntos para almoçar como de costume e passamos o tempo todo conversando. Eu falo para ele sobre o jantar no sábado e ela fala que eu consegui ser muito paciente, pois se fosse ela, não teria nem hesitado em abrir a mão na cara de Charlotte só por ficar se insinuando para o meu namorado. Depois do expediente, nos despedimos e eu vou para casa rápido, pois ainda tenho que sair para resolver alguns documentos para a faculdade. Estou pensando em fazer a minha pós graduação no próximo ano, então prefiro conseguir os documentos agora do que ficar desesperada na ultima hora. Chego em casa, jogo minha bolsa em cima do sofá e entro para um banho frio. Como estamos entrando na época do verão, o calor hoje está ficando insuportável. Quando saio, visto um cropped dourado sem mangas, um short em cetim verde de cintura alta e um salto de bico fino não tão alto. Penteio os cabelos e deixo para secar naturalmente, então vou arrumando uma outra bolsa enquanto isso. Coloco todos os documentos que vou precisar dentro, pego minhas chaves junto com o celular e saio depois de trancar o apartamento. Essas coisas também podem ser um pouco demoradas em outro país, então mando uma mensagem ao Estevão e falo para onde vou. Ele responde poucos minutos depois e manda eu ter cuidado. Eu respondo com outra e entro no carro, dando a partida depois de colocar uma playlist qualquer para tocar.

     Cheguei no meu destino e fui logo resolver o que precisava, mas nem demorou tanto como eu estava esperando. Ter cidadania americana veio a calhar. Vai demorar um pouco para eu começar a estudar de novo, mas já sei que quero entrar na universidade estadual, então preciso me esforçar bastante para conseguir uma vaga nela. Como ainda é 16h27, decido comer qualquer coisa por aqui. Estaciono o carro em uma pequena lanchonete e depois de pedir o que quero, me sento nas cadeiras de fora para esperar, pois mesmo a temperatura tendo despencado um pouco, ainda continua um pouco de calor. Meu pedido chega e eu como enquanto continuo a leitura do meu livro. Quando acabo de ler pela milésima vez, abaixo a cabeça para chorar pela milésima vez. Enxugo os olhos com cuidado para que ninguém veja e depois de pagar a conta, saio da lanchonete para dá uma volta pelo lugar. Entro em uma livraria e vou procurar por outros livros para começar a ler (mesmo eu tendo vários na fila), então acabo escolhendo "A Última Carta de Amor". Só pelo titulo e pela sinopse, já sei que vou chorar, mas vou ao balcão e o pago. Saio da livraria já tirando o livro do plástico, quando esbarro em alguém assim que coloco o pé na calçada. Quando levanto a cabeça para me desculpar, dou de cara com um par de olhos azuis penetrantes, mas algo está errado.

-Me desculpa, eu nem olhei quando saí ...

-Me ajuda ... -Ele me interrompe, mas acaba caindo desacordados nos meus braços antes de terminar a frase. Eu vou escorregando com o desconhecido até o chão porque ele é muito pesado e começo a chamar por ajuda. Apoio sua cabeça no meu colo e enquanto as pessoas fazem um circulo a nossa volta, eu analiso seu pulso e respiração. Está tudo bem aparentemente e deve ter sido apenas uma queda de pressão por causa deste calor, mas algo dentro de mim fica bastante preocupada com sua saúde. Ele não acorda até a ambulância chegar e eu vou como sua acompanhante até o hospital, apesar de não saber sequer seu nome. Escuto os pronto socorristas falando que foi apenas uma queda de pressão e eu fico aliviada. Eles não me perguntam nada, pois eu acabo falando a verdade sobre não o conhecer, mas me deixam ficar com ele.

7 DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora