39 - Eu devia tê-lo matado

511 66 1
                                    

Olho o celular a cada minuto e nunca tem nada do Aaron. Não nos falamos desde a última chamada antes dele receber a carta e sinceramente estou me sentindo ainda mais triste do que nos outros dias. Eu achei que ele ia ligar para mim assim que lesse a carta, mas fiquei até tarde esperando e nada. Eu coloquei todos os meus sentimentos naquele papel só para ele e ele não teve nem a coragem de conversar comigo.

Preferi não o ligar ou mandar mensagem, pois se ele ainda preferia ficar sem falar comigo, eu não iria o forçar e muito menos ficar no seu pé pedindo por atenção, mesmo que minha vontade seja ligar para ele igual louca e pedir isso. Passo todo o dia com a cabeça no mundo da lua e as meninas ficam me perguntando a todo momento se ele já falou algo, já que contei sobre a carta, mas infelizmente o meu expediente acaba, eu sigo para meu apartamento e meu celular continua vazio.

Já que hoje é sexta e mesmo assim não estou nada animada em sair para aproveitar, decido dá uma geral em todo o apartamento. Desde que cheguei, estou me sentindo um bocado indisposta fisicamente e sinto refluxo o tempo inteiro. Vou para o meu quarto depois de tomar um banho e começo a separar algumas roupas que já não uso para a doação. Sinto um alivio depois de ver meu armário com um pouco mais de espaço e fico um tempo olhando para a foto minha e do Aaron em frente ao Cloud Gate em um porta retrato em cima da cômoda.

Vou para os outros quartos, onde retiro as colchas novas que ainda estão desde que meus irmãos voltaram para o Brasil e coloco outras mais simples. Eu sou louca por colchas de cama igual minha mãe e as que eu comprei são tão bonitas que não quero que se estraguem ou continuem pegando poeira. Quando acabo, as levo para onde fica a maquina de lavar e sinto um enjoo forte. Largo toda a roupa no chão e corro para o banheiro, onde demora, mas começo a vomitar igual a uma condenada abraçada ao vaso sanitário. Quando tenho certeza que coloquei todas as refeições do dia para fora, lavo o rosto e vou tomar uma vitamina C, que acaba melhorando um pouquinho.

As horas se passam e quando me dou conta, já são sete da noite. Me sento no sofá depois de preparar uma sopa para a janta e coloco em um documentário qualquer na tv, mas que consegue prender minha atenção por um momento. Pego meu celular ao meu lado e ainda não tem nada do Aaron. Volto a larga-lo de lado e sem perceber, estou vendo um documentário criminal, tomando sopa em uma tigela e chorando feito uma criança. Logo que imagino a cena do meu próprio estado e começo a rir de como fico sensível quando estou durante o período, mas logo lembro que meu período parou de vir hoje pela manhã. Anoto em um bloquinho de anotações um lembrete para a ginecologista quando meu celular apita uma mensagem. É do Aaron.

"Ainda bem que agosto está acabando e o calor também."

Eu fico sem entender nada da sua mensagem, mas como estava ansiosa a esperando, a respondo imediatamente.

"Você não gosta mesmo do calor, não é ? Está tudo bem ?"

"Sim, está! Eu não gosto muito do calor, mas também não gosto de muito frio."

"Aí está muito frio ? Está bem agasalhado ?"

"Não preciso me agasalhar ainda, mas queria entrar em casa e tem uma moça que não quer vir me abrir a porta."

"O que ?" -Mando a mensagem com os olhos arregalados e a campanhia toca.

Me levanto praticamente correndo e quando abro a porta, ele está parado em frente ao meu apartamento. Ele está com sua mochila nas costas e abaixa o celular assim que me vê, então o abraço com toda força que existe dentro de mim.

-Meu Deus! O que você faz aqui, amor ? -Pergunto levantando os olhos para lhe olhar enquanto algumas lágrimas ainda rolam pelo meu rosto e entramos dentro de casa.

7 DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora