52 - Se você for, eu também vou

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Estevão

–Amor, fiz esse esparguete especialmente para você. –A Charlotte entra no quarto onde estou na cama bebendo uísque desde não sei que horas.

–Charlotte, me deixa em paz! –Rosno tomando um gole direto da garrafa e ela coloca a mesinha em cima do móvel.

–Você vai morrer de tanto beber, Estevão. –Ela tenta tomar da minha mão, mas não consegue. –Até quando você vai ficar aí sofrendo a troco de nada.

–Até o dia que a Alexia voltar para mim.

–A Alexia não vai voltar para você. –Ela fala acentuando cada palavra. –Por que você não gosta de mim de verdade ?

–Porque não é você que eu quero. Eu quero a Alexia!

–Mas a Alexia não te ama mais! Você não entende isso ? A fila dela já andou e ela vai casar com outro.

Me levanto em um salto carregado de raiva e ergo a mão para lhe dá uma bofetada no rosto, mas algo invisível me impede e eu paro a mão a poucos centímetros de seu rosto.

–Você quer me bater ? Vai em frente! –Seus olhos marejam de lágrimas e algumas cai, mas elas a enxuga rapidamente. –Desde quando a Alexia te deixou e antes disso, eu sempre te amei. Nosso relacionamento foi acabado, mas eu não culpo ela. Eu culpo você! Você sempre me deixou para correr atras de outras e eu sempre aceitei aquilo. Eu aceitava porque te amava mais do que tudo e não queria te perder de modo nenhum. Quando você me largou para viver com a Alexia, eu comecei a criar uma raiva gigantesca dela, mas com o tempo eu vi que ela nunca foi a culpada. O problema sempre foi você.

Ela dá uma pausa.

–Mesmo eu te amando, eu me sentia uma péssima pessoa em ser a outra. Eu sempre implicava com a Alexia por pura inveja, por querer saber o que ela tinha e eu não. –Ela rir. –Agora eu descobri que uma coisa que ela sempre teve foi amor próprio. Coisa que eu também tinha, mas perdi por sua causa. Você sempre me fez muito mal, Estevão. Enquanto eu dava tudo de mim por você, você não valorizava porque sabia que bastava estalar os dedos que eu voltava como cadelinha rastejando aos seus pés.

–Vai embora daqui! –Digo me virando e sentando na cama. –Você nunca vai ser como a Alexia.

–Eu não quero ser como ela, mas eu vou embora sim. Eu vou embora viver minha vida e cortar os laços parasitas que me prendem a você. Vou deixar de me doar tanto por alguém que nunca fez nenhum esforço por mim. –Ela pega sua bolsa que está em cima de uma cadeira. –Espero que quando você perceber que está perdendo quem sempre te amou, não seja tarde demais. Adeus Estevão. –E sai porta a fora.

Esses dias fiquei sabendo que a Alexia vai se casar e mesmo tendo apanhado varias e varias vezes do seu namorado, eu não consigo a parar de "seguir". Digo, eu não fico a seguindo igual a um maníaco, mas vez ou outra sempre ando as escondidas pelos lugares que sei que ela frequenta. Quando eu soube que ela havia se mudado do antigo apartamento, eu fiquei arrasado. Era triste saber que ela não morava mais no lugar onde passamos boa parte do nosso relacionamento. Eu tinha certeza que meus pais sabiam onde ela estava morando, mas nenhum deles quis me contar. Eu fiquei possesso de raiva, mas não os culpava. Eu sabia que estava fazendo da sua vida um inferno e que não tinha mais volta, mas eu não queria aceitar isso.

Ela está gravida e me machuca saber que o filho não é meu. O filho é dele. O filho é de Aaron. Eu sempre vejo seu sorriso de longe e sei que agora ela está feliz de verdade. Ela não estava mais feliz comigo e a culpa disso é toda minha. Eu preciso seguir minha vida e aceitar que já não pertencemos mais um ao outro. A Charlotte tinha razão. Sempre teve.

7 DesejosOnde histórias criam vida. Descubra agora