CAP 36 °♡ C o n v e r s a

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Eu era muito nova na primeira vez que tudo aconteceu... Eu não sei ao certo que idade tinha, ou onde estava, mas me lembro da sensação, lembro que o meu peito subia e descia descompensadamente e a minha respiração acelerava, eu sentia um ressecamento na boca e falta de ar, teve um certo momento que eu pensei que iria morrer... Foi a sensação mais dolorosa que sentir em toda a minha infância.

Eu não sei ao certo o que aconteceu após o meu surto, mas quando acordei estava com a mamãe e o papai apertando a minha mão de cada lado da maca, quando eles viram que eu estava acordava sorriram para mim, e quando perguntei o que tinha acontecido eles disseram que ficaria tudo bem..

Passei a visitar uma psiquiatra com frequência, eu era criança então costumava a pensar que ela só era uma amiguinha que gostava de saber sobre minha vida, ela perguntava sobre os meus medos, minhas alegrias, minhas amigas, meus sonhos, minha vida... As vezes ela me fazia chorar ㅡ não que ela me maltratasse ㅡ Mas algumas palavras eram tão intensas que transmitiam um calor estranho para dentro de mim, e sem que eu me desse conta eu já estava  transbordando em lágrimas.

Com um tempo, os surtos ficaram mais frequente, de acordo com a psicóloga eu sentia aquelas sensações ruins quando estava com muita raiva ou com medo de algo, ou muito ansiosa, ela aconselhou que quando acontecesse eu apenas deveria continuar a respirar o máximo possível. Com o passar do tempo passei a entender mais sobre aquilo, conseguir reconhecer que eu tinha algo ruim em mim, e em uma das consultas pedi para que ela falasse sobre o que era.

Transtorno de pânico.

Não era uma das coisas mais perigosas do mundo, mas ainda assim precisava de atenção, aparentemente eu não podia sentir ansiedade demais, raiva demais, ou medo demais porque todas essas três itens me levariam para um único caminho.

E ele não era bom.

Eu conseguir com o tempo controlar um pouco dessas três emoções, mas as vezes tinha umas recaídas, a Mãe e o pai sempre estavam la para ajudar no que eu precisasse e quando eu me mudei fiquei por conta própria. Eu continuei controlando elas, tendo uma recaída aqui, e outra ali.... A falta de apetite também não ajudava muito, mas ainda assim eu conseguir...

Mas ontem, depois de todo acontecimentos; todas aquelas emoções me envolveram profundamente, a raiva logo após de ter retribuído o beijo do Pedro, a ansiedade ao ouvi a voz do Cadu e perceber o quanto eu me sentia culpada e o medo, ao imaginar como seria assim que eu contasse.

Eu tentei controlar aquilo, tentei responde-lo, falar que também sentia saudades e o quanto estava louca para lhe ver, mais a culpa subia como bile em minha garganta, e então os sintomas veio; a falta de ar, o aceleração cardíaca, o ressecamento na boca, a  visão turva, o medo, a ansiedade, esses itens formaram uma bola negra dentro de mim e sem me dar conta eu já estava no escuro.....

Abrir os olhos depois de um tempo e pisquei me acostumando com a claridade que a lâmpada emergia, ao olhar para o lado me deparei com as duas irias esverdeadas me observando atentamente, a minha mãe se inclinou mais para perto quando percebeu que eu estava acordada, me remexe um pouco na cama.

ㅡ Como vim parar aqui? ㅡ Perguntei a ela, vendo um coberto cobrindo perfeitamente o meu corpo.

ela suspirou parecendo aliviada.

ㅡ Eu vim aqui no quarto pergunta sobre o seu encontro com o e....

Não foi um encontro ㅡ Eu a cortei, fazendo questão de deixar claro aquilo.

Ela ignorou.

ㅡ E te encontrei caída no chão.... O seu pai te colocou na cama, foi basicamente isso o que aconteceu ㅡ Ela deu de ombro ㅡ Tirando a parte de eu quase ter surtado junto.... Você disse que isso tinha parado, Duda. 

No meu mundo louco Onde histórias criam vida. Descubra agora