2 ano antes
Cadu
Não estava chovendo quando eu a conheci, tão pouco ensolarado, não era uma data especial, não foi marcante ou como em uma cena de filme. Foi normal. Simples. Como esbarrar em uma pessoa qualquer sem intenção.
Eu estava comprindo o meu trato com a Tia Su depois de ter pixado a frente da lanchonete, não queria estar ali, era óbvio pela minha cara mal-humorada em plenas 7 da manhã, mas acabei fazendo um acordo com o Caio ㅡ O filho da mãe praticamente implorou para que eu vinhesse.
Medroso do caralho.
A coisa toda aconteceu rápido, foi naquele mesmo dia, ela tropeçou em mim, eu resmunguei baixinho, ela pediu desculpas e nossos olhares se encontraram, foi tão real a forma como fiquei fissurado por ela em apenas um segundo que me desconcertou um pouco.
Naquele mesmo dia saímos, sem mais, sem menos, apenas andamos ate um barzinho na noite de sexta fria e começamos a conversa sobre o tudo, sem entender nada.
A Nicole era de riso fácil, de conversa fácil, de ar fácil, de amizade fácil, de brincadeiras fácil, foi por isso que me vir fácil apaixonado por ela. Ela era leve, angelical, quase como uma anjo.
Não brigávamos muito, compreendíamos um ao outro sem nenhuma dificuldade. Não exigíamos nada de nós. Éramos leves.
Não demorou muito para assumirmos um relacionamento. Foi tudo muito rápido, como eu disse.
Aos poucos formos nos conhecendo melhor, enquanto eu era fissurado por ela, ela era fissurada pela natureza.
enquanto eu era louco por ela, ela era louca pelo canto dos pássaros.
Enquanto eu era dela, ela era da biologia.
Ela era de acampar, de velejar, de entrar em uma floresta sem ter medo de se perder. As vezes, eu sentia como se ela não desse espaço para que eu conhecesse aquele seu pequeno mundo, era como se ela nem estivesse reparando que eu a observava.
ㅡ Em alguns momentos eu não sei onde é a minha casa ㅡ Ela comentou comigo em uma noite.
Claro que, naquele tempo eu não havia entendido direito, por isso eu respondi em um tom baixo e calmo enquanto acariciava os seus cabelos:
ㅡ Sua casa pode ser aqui, comigo.
Mas não era isso que a Nicole queria ouvir, nunca foi.
Foram oito meses juntos, Ela foi a minha primeira paixão. Como qualquer garoto bobo e louco por uma garota, eu pensei que seria para sempre, que séria eterno, que seria apenas minha.
Uma semana antes de parti, ela se sentou na sacada mais alto do prédio em que morava, eu costumava ir vê-la, as vezes ficávamos ali na laje, mas nunca íamos tão longe, nunca chegamos tao perto daquele lugar, mas naquele dia ela chegou, quando eu a vi, sentada na ponta, sentir meu coração errar uma batida.
Eu terminei de subir os últimos degraus e com a voz um pouco carregada perguntei:
ㅡ O que estar fazendo?
Ela olhou para trás, fixando o seu olhar em mim assim como o meu estava fixo ao dela, um clarão de sol iluminou o seu rosto deixando-a brilhante.
Ela sorriu
ㅡ Observando. ㅡ Respondeu fazendo um gesto pra que eu me aproximasse.
ㅡ Não é um pouco perigoso demais você estar aqui? ㅡ Perguntei ㅡ Nunca passamos da laje, lembra?
Ela deu de ombros.
ㅡ Eu não tenho medo.
Mas eu tinha.
Depois de um tempo eu acabei me sentando junto a ela, ainda que estivesse hesitante. Eu não sabia exatamente o que ela estava observando, já que daquele ponto só éramos capaz de enxergar os altos prédios velhos demais para ser considerado uma bela vista, mas a Nicole continuava olhando para frente, como se enxergasse algo surreal neles.
ㅡ É incrível como o ser humano destrói e constrói coisas. ㅡ a sua voz preencheu o silêncio.
Franzir o cenho, e virei um pouco o rosto para enxerga-la.
ㅡ Do que estar falando?
ㅡ Para construí esse prédio, eles precisaram destrui alguma coisa, certo?
Assentir com a cabeça.
ㅡ Uma dia isso aqui foi ar, árvores, matos, flores, natureza.... ㅡ Ela sorriu ㅡ Mas eles destruíram e deram lugar para os edifícios, casas, asfaltos, ambiente.
ㅡ Foi uma coisa precisa. ㅡ retruquei.
ㅡ Sim, exatamente ㅡ Ela deixou de olhar para frente, e se virou para mim ㅡ Então você entende que, as vezes, por mais errado que pareça ser, vamos precisar destruir algo para construirmos?
Eu pensei que ela estivesse falando daquilo a nossa frente, nunca passou pela minha cabeça que a Nicole precisaria me destruir para se construir.
Acho que ela sempre deixou pistas de que iria embora, fui tolo demais para me negar a perceber, procurei ela pelas ruas, pelos bares, por hospitais e casas norturnas, preguei cartazes, fiz pixaçoes, mas ela nunca voltou.
A única lembrança que deixou foi uma foto na sua antiga cama, no seu antigo prédio, para o seu antigo namorado.
ela não me escreveu um texto falando os seus motivos, não se despediu, apenas riscou aquelas pequenas palavras tiradas de um verso de música, e aquilo doeu, doeu de uma maneira que amassei e pisei na pequena fotografia que registrava um dos momentos mais felizes que tive com ela.
A Nicole não foi uma namorada briguenta ou ciumenta, mas foi egoísta a ponto de parti sem ligar para os danos causados.
De tão paixão que ela foi para mim, virou obsessão e com um tempo solidão.
Eu nunca deixei-me de pergunta o por que de ela ter ido.
com o tempo me deixei fechar para novos amores, deixei-me destruir, assim como ela falou que aconteceria.
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No meu mundo louco
Novela JuvenilEduarda só quer saber de farra agora que, finalmente saiu de casa e está livre dos seus irmãos. Dividindo a casa com mais duas amigas ela se vê "curtindo a vida como sempre sonhou". Isso até ela conhecer ele. Cadu, um garoto que até então não q...