Um sonhador

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Paris - França - 1630

- Você tem certeza de que quer fazer isso Thierry? Você pode vender esse mapa por uma boa quantia. - dizia-lhe o amigo enquanto o jovem mosqueteiro preparava, junto com mais sete pessoas,  a pequena embarcação para zarpar no frio da madrugada francesa.

Thierry sorriu, ele entendia a preocupação dos seus irmãos mosqueteiros dele ser considerado um desertor da ordem, porém ele estava determinado desde o dia em que ganhou aquele mapa em um dos jogos de azar pelas ruas de Paris. Paul, o amigo loiro de barba cheia olhava com preocupação, e por que não dizer medo? Thierry era um romântico desenfreado, um sonhador. Era o melhor no manejo de espadas que Paul ja tinha conhecido e tinha uma mira como ninguém. A ordem dos mosqueteiros perderiam bastante com essa aventura do moreno delicado, elegante, com um senso de justiça impecável e cavalheirismo que derretia as mulheres. Casadas ou não.

- Tenho sim, meu amigo. - sorriu o moreno ao colocar as últimas cordas no convés do braco e virando-se com um sorriso animador para Paul. - Esse mapa não caiu nas minhas mãos por coincidência.

- Claro que não, ele caiu nas suas mãos pois você jogou com os bandidos do centro da cidade. - rebateu Paul cruzando os braços. - Thierry... esqueça disso, volte comigo, vamos beber um vinho e jogar conversa fora...

- Eu receio de agora não é o melhor momento. - respondeu-lhe. - Já está quase tudo pronto, temos que partir antes do dia amanhecer para não sermos vistos.

- O que eu direi ao Jean? Ao Marlon? E ao comandante? Não pode sumir como se fosse fumaça, eles vão sentir sua falta!

- Você não vai? - brincou Thierry.

- Eu estou falando sério, Thierry! Você pode ser considerado um desertor! Se você voltar, pode ser condenado a morte! Isso é sério irmão... Não vai. - Paul pediu mais uma vez, rezando internamente para que seu amigo ouvisse a voz da razão e desistisse daquela loucura.

Thierry soltou um longo suspiro ao olhar para o amigo, vendo preocupação em seus olhos azuis.

- Nós sempre ouvimos falar sobre o tesouro de Dardeno Newgate, de como é um tesouro gigantesco que mal cabia no navio do próprio Dardeno. Não havia indícios da sua localização, até eu conseguir esse mapa. - levantou um papel enrolado com manchas amarelas. - Essa é nossa chance Paul, se eu encontrar esse tesouro, o tesouro de Walgonrei, podemos deixar essa vida de mosqueteiros, podemos viver como Lordes e Condes nas mais ricas regiões da França! Eu, você, Marlon e Jean!

- Iríamos ser desertores! - disse Paul com uma certa impaciência na voz. - Nada lhe garante que esse mapa vai lhe levar até esse tesouro, isso não passa de uma lenda, Thierry! Pelo amor de Deus, esquece essa loucura!

- Eu acho que não, Paul. - Thierry colocou uma de suas mãos sobre o ombro esquerdo do homem loiro e fitou bem dentro de seus olhos. - Confie em mim, eu vou voltar com esse tesouro. E me faz um favor? Diga a minha amada que quando eu voltar, ela terá mais jóias do que poderá contar. - sorriu docemente e virou-se para voltar ao seu barco

- Qual delas?... - perguntou Paul cansado. - Thierry.

- Sim? - virou o rosto pela última vez para olhar o amigo que franzia as duas sobrancelhas.

- Toma cuidado. E não morra. Se você morrer, eu te mato.

Paul se deu por vencido, Thierry costumava ser muito teimoso e não desistia fácil do que tinha em sua mente. Desde muito jovem ele tinha esse desejo de ver o que havia além de Paris e agora era sua grande oportunidade. Quem era Paul para negar isso a ele? O que lhe restava era aceitar a decisão de seu amigo, e lhe desejar boa viagem. E também rezar para que ele não morresse no meio de sua aventura, a ordem os mosqueteiros ainda precisava dele. O moreno embarcou em sua pequena embarcação e deu ordens para içar as velas.

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora