O medo

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- Muito bem, calminha meu amor, calminha... - Sora falava como um mantra para Otto que chorava sem parar deitado na cama de seus pais. A grande mulher pegou uma bacia bem grande, que caberia qualquer um dos seus filhos dentro dela e colocou sobre a pequena mesa de seu quarto. A enchendo com água e voltando para seu filho debilitado.

Otto estava com as mãos sobre o rosto, cobrindo suas lágrimas da visão de sua mãe mas era bobagem pois todos naquele quarto sabiam que ele estava aos prantos. Ela notou que ele havia feito algo errado, muito errado, mas não era hora de repreende-lo e sim cuidar dele. Thierry disse a ela que Otto tinha algo no braço então a loira rosada quis ver.

- Pronto.. pronto.. não precisa desse chorinho, não precisa... - ela afagou os cabelos castanho claros de seu menino com carinho. - Deixa a mamãe ver... - Sora tentou puxar o braço de Otto para poder saber o que tinha ali mas o menino não deixou, o pouco que ela viu já a fez perder o fôlego totalmente. - Otto... céus, o que você fez, menino?!

Ela puxou o braço dele com mais determinação e viu a quantidade de cortes que ainda haviam ali. Cortes que ainda sangravam, tinham uma tonalidade escura que deixou Sora com um olhar incrédulo.

- Esta começando a infeccionar, mamãe. -  avisou Thierry ouvindo Otto chorar mais alto.

Sora passou as mãos pelo seu rosto com inquietação. Seu filho havia se machucado e ela sabia que aqueles cortes não eram de acidentes.

- Como você pode fazer isso, Otto?! Como?! Pelos céus! - esbravejou a grande mulher atônita. - Você tem noção do que fez? Hein?! - indagou irritada ao ver o menino cobrir seu rosto mais uma vez. Mas ela queria uma resposta, então segurou as mãos de Otto com força e segurou seu rosto para que ele olhasse para ela, mesmo contra a sua vontade. - Você se machucou, Otto! Você se auto mutilou!

- D-Desscullpeee mãããee... desssculpeee... - o homem chorou.

- Por que você fez isso? Por que, Otto? - a mulher perguntou querendo saber o motivo de tamanha destruição no braço de seu filho.

Otto não respondeu, se limitou a chorar. Sora não podia perder a paciência com ele, ele estava sujo, fraco e com o braço todo machucado! Ela tinha que ser a mãe dele, tinha que cuidar dele nem que para isso ela tivesse que engolir o sentimento de irritação. A mulher pegou seu cabelo e fez um coque alto, deixando algumas mechas caindo pelos lados da sua cabeça.

- Foi o Thoros. - disse Thierry recebendo um olhar surpreso de sua mãe.

- O Thoros? - ela perguntou incredula.

- Ele disse algo horrível para o Otto a quatro dias atrás quando saímos da fortaleza sem permissão. - Thierry mais queria era que aquele homem horrível se metesse em problemas com seus pais pelo que ele havia feito. Thoros não podia ficar impune depois do gatilho que tinha usado contra Otto de modo tão cruel e insensível.

- Ele tocou naquele assunto mãe... - avisou Darlan vendo Sora suspirar cansadamente. - E não se importou com o que o Otto pudesse fazer depois disso.

Romazi ficou em silêncio, permanecendo de braços cruzados no chão e fitando sua bela mãe com calma.

- Céus... vocês tem certeza de que não foi um mal entendido entre vocês? Uma briguinha boba? - Sora indagou e Thierry a olhou com descrença.

- Oque?... Ele mandou o Otto voltar pro navio espanhol, mãe! Acha que isso é coisa de "briguinha"?

- A senhora acha que o Otto faria isso consigo mesmo se fosse só uma briguinha? - Romazi finalmente falou, indagando com seriedade a sua mãe. - Thoros queria afeta-lo e consegui!

A Ilha WalgonreiOnde histórias criam vida. Descubra agora